O terceiro episódio de Gotham foi morno, mas como todo bom episódio de transição trouxe novos personagens e um roteiro sólido. A trama de Look Into My Eyes é despretensiosa, soube dosar o desenvolvimento e serviu, principalmente, para apresentar Jervis Tetch, ou se preferir, o Chapeleiro Louco.
O visual de Gotham é um charme que torna a produção da FOX ainda mais atrativa, e além da fotografia o figurino e a composição física dos personagens chama muito a atenção. Digo isso, pois o Jervis Tetch (interpretado por Benedict Samuels, que participou de The Walking Dead) é muito caricato, tem um visual ótimo fazendo um casamento perfeito entre o ator e o personagem. O seu plot foi bem simples, os roteiristas fizeram o feijão com arroz típico de Gotham ao apresentar um novo vilão/personagem. Contam a sua história, ou apenas o suficiente dela, e mostraram parte do seu potencial. Apesar disso, a cena em que Tetch foi a procura de Gordon para pedir ajuda foi bem interessante, pois não há rodeio do vilão em fazer contato com o (anti)herói da série, mostrando a personalidade do personagem.
Jimbo está sendo muito bem usado nessa temporada, depois de toda a lenga lenga de Barnes sobre ultrapassar o “limite”, Jim assumiu os riscos e viu que o caminho que estava trilhando não tinha mais volta. O personagem se tornou quase que um justiceiro, mas é um vigilante que age durante o dia e a noite. O interessante é que em nenhum momento, Gordon pensou realmente em apenas fazer o serviço pelo qual foi contratado, pois parece que o personagem se conforta em caçar os monstros criados por Strange e ganhar a recompensa do GCPD.
Houve também o reencontro de Jim e Lee, e sinceramente Gotham se torna um pouco cansativa em trazer personagens de volta toda hora. O problema não é de simplesmente trazer eles de volta, mas é saber que eles não serão aproveitados em quase nada. Lee é fadada apenas em ter pouca utilidade e a ser o (ex)par romântico de Jim. Dificilmente a personagem de Morena Baccarin terá utilidade como Barbara (Erin Richards) – esta, até o momento, ficará na geladeira por um tempo, mas participa com frequência porque terá o seu momento. Além do “climão”, Lee parece ter o dedo um pouco podre para escolher homem. Agora a personagem está noiva do filho de Falcone, e como Gotham já está em sua terceira temporada, é óbvio que algo de importante ainda vai sair daí.
Oswald Cobblepot, o Pinguim, é um dos grandes personagens que a série trouxe para a TV, mas essa de ser candidato a prefeitura parece o tipo de plot que roteirista cria porque não sabe o que fazer – mas a alfineta em Donald Trump foi realmente sensacional. Não agradou, ficou fora do real propósito que estavam dando para o vilão, mas com um personagem tão bem consolidado os seus atos para buscar a conclusão do seu objetivo foram ótimos. Sendo assim, Pinguim conseguiu salvar o seu próprio plot no episódio, e roubou a cena no encontro público com o adversário na busca pela prefeitura de Gotham City. Assim como também salvou seu amigo Nygma – trazendo o bromance dos vilões de volta para as ruas de Gotham, já imaginaram Pinguim para prefeito e Nygma como vice? Trazer o futuro Charada para Gotham de novo era só questão de tempo, e dentro dos personagens regulares da série, Ed é o melhor desenvolvido e o único que permanece interessante desde o início do programa, sem apresentar nenhum tipo de oscilação.
Bruce e seu clone também foram destaque em Look Into My Eyes – aliás, o nome do episódio foi perfeito para os seus acontecimentos. Esse clone está começando a se mostrar e é mais um plot que será desenvolvido ao longo da temporada. Visivelmente o Bruce clocado tem a personalidade diferente do Bruce Wayne verdadeiro, e como surgiu de Indian Hill ele tem alguns segredos – parece que tem um pouco de força fora do normal e não sente dor alguma, além de ser completamente interesseiro e aparentemente está querendo se apossar da figura de Bruce Wayne, ou da vida do jovem magnata.
Gotham teve um episódio bem morno, uma transição bem feita, sem perder tempo, apresentando um pouco mais os seus novos antagonistas e sem perder o foco nos personagens regulares da trama. Só é preciso tomar cuidado com o roteiro, assim como trazem facilmente alguns personagens de volta, os roteiristas de Gotham esquecem de outros em um primeiro momento, mas é preciso dar um desconto porque são muitos plots e personagens para um episódio só.
Gotham¹: Se usarem Lee apenas como pretexto para criar um novo plot envolvendo Falcone ou o seu filho será um desperdício da personagem, ou deem um fim nela ou achem um propósito para ela na história.
Gotham²: Com certeza Fish Mooney irá voltar, não é possível a personagem estar encaminhando a sua morte e não darem um desfecho para ela também, além do mais, Fish, já deu o que tinha que dar na série.
Gotham³: Gotham é uma série de personagens, que se importa em contar a história de cada um e depois começa a desenvolvê-los, por isso ainda veremos um pouco mais do Chapeleiro Louco, antes dele se tornar insano. Isso porque os roteiristas adoram trabalhar com personagens temperamentais, vejam Pinguim, Nygma, Jerome (mal aproveitado) e Barbara. Por tanto, Jervis Tetch ainda tem muito o que mostrar, caso seja corretamente aproveitado.