Imagem do anime O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim
Cena do anime O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim. | Crédito: Divulgação/Warner Bros. Pictures

A Terra-Média retorna aos cinemas 10 anos depois do último capítulo da trilogia O Hobbit com O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim. Diferente dos longas-metragens de Peter Jackson, o novo título leva os fãs da saga cinematográfica e da obra de J.R.R. Tolkien para o universo dos animes com uma história situada 183 anos antes de Bilbo Bolseiro encontrar o Um Anel.

O anime transporta os espectadores de volta a lugares conhecidos como Edoras, Isengard e ao Abismo Helm. A Guerra dos Rohirrim traz também figuras conhecidas da saga, como Éowyn, vivida por Miranda Otto nos filmes de Peter Jackson. Desta vez, a atriz empresta a voz para a personagem que narra fragmentos da história.

A Guerra dos Rohirrim mostra o destino da família de Helm Mão-de-Martelo, Rei de Rohan. Depois da morte de Freca, seu filho, Wulf, é exilado e embarca em uma jornada incessante de vingança contra o Rei Helm e sua família. Com isso, suas ações provocam a fuga do povo de Edoras para o Forte da Trombeta.

Com o tempo, a resistência dos Rohirrim passa a ser comanda por Héra, filha de Helm, que busca acabar com o conflito e trazer paz para Rohan novamente. Durante o período, o local conhecido como Forte da Trombeta começa a ser chamado de Abismo Helm.

Anime O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim
Rei Helm, Mão-de-Martelo, em cena do anime O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim. | Crédito: Divulgação/Warner Bros. Pictures.

A trama de A Guerra dos Rohirrim é simples e lida diretamente com as escolhas e consequências do Rei Helm Mão-de-Martelo. O personagem é imponente, seja pela força exibida pela animação ou pela voz de Brian Cox. A personalidade de Helm é o grande gatilho que leva Héra e o povo de Edoras a uma jornada de peregrinação e resistência diante da tirania.

Embora Helm e Wulf sejam os personagens catalisadores desta história, o foco do filme está em Héra e inicialmente na própria narração de Éowyn. Por tratar de acontecimentos que antecedem a trilogia O Senhor dos Anéis, A Guerra dos Rohirrim coloca a personagem de Miranda Otto para contar a história dos seus antepassados.

Nos filmes de O Senhor dos Anéis, é possível acompanhar melhor a jornada heroica de Éowyn que se disfarça de soldado para participar da guerra. Assim como ela, Héra não aceita que sua trajetória seja escolhida por homens e que seu destino se resuma a um casamento que ela não deseja.

A Guerra dos Rohirrim não é apenas sobre um registro histórico da Terra-Média constatando que Éowyn não foi a única mulher Rohan a lutar. Antes mesmo de Héra outras também levantaram suas espadas e escudos.  

Boa parte do que o filme carrega, para além das batalhas que se propõe a travar, está entranhada em resgatar a existência dessas personagens. Com isso, A Guerra dos Rohirrim encontra uma forma de discutir o papel das personagens femininas em um universo governado pelos homens.

Quanto ao tema, o filme não executa uma abordagem inovadora dentro do cinema ou na forma de discuti-lo no audiovisual. No entanto, trata de trazer a conversa novamente para este universo que há pouco voltou para as telas com a série Os Anéis de Poder do Amazon Prime Video. No streaming, a história é centralizada em Galadriel, vivida por Cate Blanchett nos filmes de Peter Jackson e agora por Morfydd Clark.

Anime O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim
Héra em cena do anime O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim. | Crédito: Divulgação/Warner Bros. Pictures.

A Guerra dos Rohirrim, além desta discussão, é resumida a uma história comum. Narrativamente, a jornada de Héra, Helm, Wulf e Edoras não é surpreendente e muito menos inventiva. Mesmo que o filme aposte em uma trama de segurança, o roteiro de Jeffrey Addiss, Will Matthews, Phoebe Gittins e Arty Papageorgiou consegue atribuir peso dramático ao anime porque escolhe não economizar personagens.

Com isso, o filme renuncia algumas figuras para que o público sinta a gravidade do que está acontecendo. Este é um dos recursos utilizados pelo anime dirigido por Kenji Kamiyama para fisgar os fãs da saga.

Entre outros elementos usados com esta mesma intenção está o resgate de trilhas sonoras conhecidas da trilogia O Senhor dos Anéis que mesclada com as canções originais do anime conseguem potencializar a história. Além disso, outros nomes conhecidos e alguns fatos isolados, conectam A Guerra dos Rohirrim com os filmes de Peter Jackson e até mesmo com a série do Prime Video. São elementos que os fãs certamente irão reconhecer e entender com facilidade.

Anime O Senhor dos Anéis> A Guerra dos Rohirrim
Rei Helm e sua filha Héra em cena do anime O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim. | Crédito: Divulgação/Warner Bros. Pictures.

No entanto, narrativamente são decisões que mais parecem um apelo a memória afetiva do público do que elementos necessários para a história do filme. Isso torna A Guerra dos Rohirrim parte de uma franquia e não apenas uma história isolada e bem contada da Terra-Média.

O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim funciona como porta de entrada para o universo da Terra-Média, assim como representa um interessante passeio para quem quer visitar a obra de Tolkien na tela do cinema mais uma vez.

Com uma narrativa de fácil compreensão, A Guerra dos Rohirrim equilibra a linguagem acessível de uma animação com o senso de aventura e grandiosidade conhecidos da trilogia O Senhor dos Anéis. O filme entrega ao público empolgantes batalhas pelos campos da Terra-Média.

Apesar de tudo isso, o que O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim é basicamente sobre como o Forte da Trombeta passou a ser chamado de Abismo de Helm. Desta forma, reduzindo o apelo da relevância da história.

Assista ao trailer de O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim

Avaliação
Bom
6.5
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Sou jornalista, fundador e editor da Matinê Cine&TV. Escrevo sobre cinema e séries desde 2014. No jornalismo tenho apreço pelo cultural e literário, além de estudar e trabalhar com podcasts. Além dos filmes e séries, também gosto de sociedade e direitos humanos.