imagem do filme Os Roses de 2025
Olivia Colman e Benedict Cumberbatch em Os Roses. Foto de Jaap Buitendijk, cortesia da Searchlight Pictures. © 2025 Searchlight Pictures todos os direitos reservados.

O diretor Jay Roach tem em sua filmografia títulos conhecidos e de qualidade, entre eles a série de filmes Austin Powers, Entrando Numa Fria (2000), Entrando Numa Fria Maior Ainda (2004), Trumbo – Lista Negra (2014) e O Escândalo (2019). A partir desta quinta-feira, 28 de agosto, os cinemas brasileiros recebem o novo trabalho do cineasta estadunidense: a comédia Os Roses: Até Que a Morte Os Separe.

Protagonizado pela dupla inglesa Olivia Colman e Benedict Cumberbatch, o longa-metragem faz uma bem-vinda releitura de A Guerra dos Roses (1989) – mesmo título do livro escrito por Warren Adler que serve de inspiração para os filmes. Na trama, o casal Ivy e Theo vivem uma vida perfeita e estável com a família que criaram. Ele é um arquiteto renomado prestes a entregar o maior trabalho da carreira. Ela é uma talentosa cozinheira que utiliza seus talentos para cuidar dos filhos e da casa.

Logo depois das cenas de família de propaganda de margarina, uma tempestade chega e abala as estruturas da grande obra de Theo. No entanto, a chuva e os ventos fortes também fazem a vida do casal balançar. Antes disso, o filme garante um spoiler ao espectador durante uma sessão de terapia. “Não acho que sejam capazes de resolver seus problemas“, conclui a psicóloga sobre o casal. A partir disso, o público acompanha o começo da história de amor e o que os levou a serem uma causa perdida para a terapeuta.

A palavra releitura, utilizada para descrever a nova versão, mostra-se um acerto da distribuição. O filme de Jay Roach não é um remake da obra de 1989, nem uma adaptação do livro de Adler. Os Roses é uma visão contemporânea dessa história. Embora a briga do casal culmine em uma disputa fora da realidade pela casa dos sonhos do casal, as nuances que levam eles a essa sequência de absurdos faz com que a obra seja mais do que uma simples diversão.

imagem do filme Os Roses de 2025
Kate McKinnon e Andy Samberg em Os Roses. Foto de Jaap Buitendijk, cortesia da Searchlight Pictures. © 2025 Searchlight Pictures todos os direitos reservados.

Neste filme, Jay Roach até pode ter a intenção de fazer com que casais conversem sobre os seus problemas, servindo ainda de incentivo para a realização de terapia em conjunto. No entanto, Os Roses é resultado de uma comédia que não se esquiva de exercer o papel social do humor.

Pela lógica, o filme diverte e serve como alívio em diversos momentos. O roteiro encontra força no contraste de humores presentes no longa-metragem. Ou seja, embora a história aconteça nos Estados Unidos, ter protagonistas ingleses faz com que Os Roses tenha um estilo humorístico mais interessante do que o nonsense representado por Andy Samberg e Kate McKinnon – que ainda assim conseguem entreter.

Quanto ao papel social do humor nesta história, é necessário observar a construção que leva Theo e Ivy a quase se aniquilarem. É esse alicerce que planta a semente do ódio crescente entre os protagonistas. Isso acontece porque o filme baseia-se em uma lógica de representação de homens e mulheres que ainda prevalece culturalmente nas sociedades. Ou seja, o homem sustenta a casa enquanto a mulher cuida da casa.

Com isso estabelecido no enredo, é a partir de um acontecimento catástrofe que Os Roses subverte esta lógica. Quando o museu idealizado por Theo desaba na tempestade e ele vira meme nas redes sociais, Ivy assume o protagonismo da família. Inicialmente, a relação é saudável, mas aos poucos o sucesso da esposa alimenta a frustração de um homem que passa a ocupar o lugar que os seus semelhantes tentam há milênios perpetuar como exclusivo das mulheres.

imagem do filme Os Roses de 2025
Olivia Colman em Os Roses. Foto de Jaap Buitendijk, cortesia da Searchlight Pictures. © 2025 Searchlight Pictures todos os direitos reservados.

O roteiro, assinado por Tony McNamara (Pobres Criaturas), com estes elementos, estabelece as bases do conflito enquanto alimenta a semente até que ela vire uma árvore enorme. No entanto, além da construção da história, o texto preocupa-se em fazer com que estes personagens tenham a profundidade necessária para conduzir essa trama de amor e ódio.

É nesta busca por humanização que a história mostra os erros e acertos de ambos os membros do casal e cria um retrato digno de uma parte da complexidade das relações contemporâneas. Theo e Ivy são universos distintos que se complementam e colidem nas mesmas proporções. Olivia Colman e Benedict Cumberbatch desempenham com excelência os seus papéis, da paixão efervescente ao mais completo absurdo.

Entre a busca por atualização e homenagens ao filme de 1989, Os Roses: Até Que a Morte Os Separe entrega ao público as possibilidades de que um filme comprometido com o cinema é capaz. Com o propósito primordial de divertir, o longa-metragem não deixa de andar de mãos dadas com o mundo ao gerar elementos de identificação para a audiência. Com bom elenco e atores de destaque dos últimos anos como protagonistas, o enredo se sobressai pelo texto interessante e pela capacidade de ofertar nas entrelinhas nuances complexas da contemporaneidade, cumprindo por fim o seu propósito como releitura moderna de uma história já contada.

Assista ao trailer de Os Roses: Até Que a Morte Os Separe

– Siga a Matinê nas redes sociais: InstagramThreadsFacebookTikTokYouTube.