Confira abaixo a crítica do primeiro episódio da nova minissérie da Rede Globo
Assim que a transmissão do episódio começou (ontem, após a novela Velho Chico) a internet, como sempre, explodiu. Isso deve-se não apenas pela qualidade da produção, mas pelas ótimas propagandas exibidas pelo principal canal aberto da TV brasileira. Os vídeos deixam o público instigado e curioso, pois sempre que temos uma nova produção nacional para estrear sentimos um certo receio. Mas de uma coisa eu tenho certeza: quando tiramos os atores das novelas e os colocamos sob uma boa direção artística o resultado pode ser de bom para cima.
O primeiro ponto que destaco da ótima minissérie que vimos ontem é com certeza o elenco e a atuação de Marina Ruy Barbosa. Quando os atores estão fazendo novelas, o seus talentos são muito mal explorados, e isso não é de hoje, faço uma breve comparação com José Loreto, que em novelas temsempre o mesmo papel. Mas quando ele protagonizou o filme de José Aldo, era quase irreconhecível se comparado ao trabalho dele na TV. Saindo das novelas, vamos focar em Justiça, que mostrou realmente que quando se trata de uma produção nacional, nós (público) ainda podemos ter esperança, sim.
O roteiro foi o mais interessante, não apenas pela história forte, ou por suas mensagens sobre relacionamento abusivo e outros conceitos atuais, mas principalmente por estar todo interligado. São histórias diferentes, contadas em episódios diferentes, mas que estão no mesmo universo, que acontecem quase que ao mesmo tempo. Isso é algo impressionante e quase que inédito, pois não é sempre que um produto da casa (Brasil) é tão inteligente assim, e mesmo que alguns sejam, na maioria das vezes não ganham o reconhecimento que merecem. Fato é que Justiça enlouqueceu e chocou à quem estava assistindo. E mais, não foi só algo fechadinho que assistimos não, pense em um cliffhanger estilo ao da season finale da 7ª temporada de The Walking Dead… Então, foi assim que o primeiro episódio de Justiça terminou, de uma forma sensacional, correspondendo com toda o clima que desenvolveu durante o episódio.
O uso do flashback também foi correto. Como as cenas do passado ocuparam cerca de 70% do episódio o jogo entre os momentos e fatos mais importantes foram muito bem aproveitados, tendo ali apenas o que precisamos saber sobre o que aconteceu. É uma história completamente reflexiva, que é realista, no momento em que o episódio estava mostrando a morte de Isabela, talvez em algum lugar do Brasil uma mulher poderia estar sendo agredida pelo namorado, marido, ou qualquer um que não tenha boas intenções. Chega a ser um pouco repugnante ver isso na série, mas foi muito rico em detalhes, principalmente as camadas dramáticas que haviam em Vicente e fizeram todos os seus problemas patológicos ficarem em evidência, de uma forma simples e clara.
Por incrível que pareça até os diálogos estavam bons, com falas de muita expressão e de certa forma marcantes, pela maneira agressiva e impositora em que foram pronunciadas. O grande destaque é Débora Bloch, mais uma daquelas boas atrizes mal aproveitada nas novelas. Lógico que não há nenhuma atuação excepcional, mas todos os atores tiveram atuações de acordo com o tom que a história precisava. A direção de José Luiz Villamarim está ótima, tanto em filmagem como edição. Aliás a fotografia usa muito bem as sombras dos locais, faz com que o tom melancólico permaneça mesmo em momentos de leveza, para aliviar a forte carga dramática da história.
Trazendo muitas críticas ao comportamento realista do homem, as atitudes que cada pessoa toma e mostrando um forte arco de redenção nos personagens, Justiça veio para marcar sua passada na TV brasileira, que precisa cada vez mais de produções bem feitas, inteligentes e que se proponham a fazer algo bom, pois se souberem trabalhar bem a história e usar os elementos certos, com certeza continuaremos vendo ótimos episódios de Justiça durante a semana.
Logo mais, depois de Velho Chico, será exibido o próximo episódio de Justiça, e amanhã você acompanha a crítica do Capítulo 2 aqui no Matinê Cine&TV.
Nota do autor para o episódio:
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