Imagem: Divulgação/ Paris Filmes
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Baseado na obra homônima, A Luz Entre Oceanos traz um elenco ótimo para dar vida aos personagens criados por M. L. Stedman, com Michael Fassbender, Alicia Vikander e Rachel Weisz encabeçando a trama. Visualmente um filme lindo e tocante, mas que comete seu primeiro erro com Derek Cianfrance (diretor) assinando também o roteiro – com supervisão de Stedman.

Nem tudo é adaptável aos cinemas. Mesmo sendo baseado em um livro, A Luz Entre Oceanos poderia ser mais enxuto. No longa há uma reviravolta desnecessária que faz com que a narrativa fique inchada de mais. Isso quer dizer que boa parte da história não precisava estar ali, ou poderia estar de uma forma diferente. Quando o longa de Cianfrance aproximava-se de sua conclusão, eis que a história acrescenta um novo drama e resolve adicionar mais uma personagem e um arco justo em seu terceiro ato. Fato que compromete toda a narrativa anterior.

Fassbender dá vida Tom Sherbourne que lutou durante a primeira guerra e agora é um homem traumatizado que volta para casa e acaba indo trabalhar no farol de uma pequena cidade litorânea. Lá conhece a jovem bela e encantadora Isabel (Alicia Vikander), por quem acaba se apaixonando posteriormente.

Apesar de ter uma narrativa lenta e bem trabalhada, a montagem do filme acaba deixando-o dinâmico. Sendo assim, o ritmo é muito mais agradável e digestivo, ajudando ao entendimento da história. Tendo isso, o único ponto negativo fica por conta dos personagens que mesmo com suas emoções exaltadas – demonstrando muito bem os sentimentos de felicidade, medo, tristeza, incerteza – eles acabam ficando com pouca profundidade em boa parte da história. O fato acaba sendo bastante contraditório, pois a intenção do longa, desde seus primeiros minutos, é claramente trabalhar muito bem as emoções de seus personagens e A Luz Entre Oceanos quase acerta no quesito.

Com o drama do casal se tornando ainda mais forte ao longo do tempo em que passam juntos o longa se preocupa, com mérito, em retratar a vida de um casal que vive isolado em uma ilha habita apenas por eles. Aqui existem méritos para o roteiro de Cianfrance, que sabe dar atenção aos pontos certos da história. Após as duas tentativas falhas de terem filhos próprios e ganhar dos mares uma pequena criança o drama do casal toma uma força muito maior do que a anterior. E é essa carga dramática pesada que insere bem a atuação de Michael Fassbender.

Imagem: Divulgação/ Paris Filmes
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O ator – que teve peso parecido com o drama de Magneto em X-Men: Apocalípse – começou a entregar aquilo que se espera dele. Os conflitos éticos e internos do personagem ficaram muito mais interessantes e tiraram ele da zona de conforto que estava antes – sendo retratado como um homem cordial, ex-militar que viu coisas horríveis durante a guerra e isso o deixou traumatizado, ou apenas o típico herói nacional americano. Se este retrato fosse mantido até o fechamento da história não seria muito inteligente pela parte do roteiro, mas a visão do diretor sob a proposta que o mesmo queria passar deram certo. Assim como Alicia Vikader, uma ótima atriz que se fez muito bem desde as primeiras cenas. Mesmo que inicialmente sua personagem, Isabel, tenha sido um grande clichê, Vikander soube conduzir muto bem a protagonista ao lado de Fassbender e assim como ele conseguiu fazer o drama de sua personagem crescer na hora certa. Na mesma proporção, as camadas de Isabel ficaram muito interessantes, fazendo um contra ponto necessário ao conflito enfrentado pelo marido.

Um pai que havia perdido dois filhos e uma mãe que perdeu dois bebês viu-se com uma nova chance nos seus braços. É baseado neste pequeno fato que o melhor de A Luz Entre Oceanos acontece. Mas é ao finalizar isso, inserir a mãe biológica da bebê encontrada pelo casal que o longa tem o seu maior erro. Em pleno terceiro ato não é nada inteligente adicionar uma nova personagem que deveria ter sido conduzida de maneira linear, em paralelo com a história do casal fazendo um retrato muito mais interessante com a história de Tom e Isabel. Com isso, A Luz Entre Oceanos incha, alonga-se completamente de forma desnecessária. Quando Rachel Weisz entra em cena como Hannah a história continua interessante, mas no momento errado.

O novo arco que começou a ser desenvolvido dentro do filme parecia como um pós-crédito muito mais extenso e a história que estava encantando se tornou cansativa e trouxe dramas necessários e outros descartáveis. O retrato da mãe que perdeu a filha e o marido foi muito bem feito, mas como disse era uma história a ser desenvolvida em paralelo e não no terceiro ato do drama. Ou seja, um drama correto feito na hora errada.

Mesmo com problemas na narrativa A Luz Entre Oceanos tem méritos interessantes, apresenta planos abertos que aproveitam a contextualização do local onde se passa a história e a fotografia de Adam Arkpaw (que também estará em Assassin’s Creed) é ótima. A falha mesmo é o diretor promissor, Derek Ciafrance, assinar o roteiro que se perde totalmente na narrativa e na proposta, pagando o preço pelas escolhas erradas que fez. Mesmo assim ainda tinha um potencial de quem sabe Oscar (não de melhor filme), que acredito ter se perdido junto com a própria história que perde força no momento principal.

Avaliação

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