Imagem do filme Entre o Céu e a Terra | Crédito: Divulgação
Imagem do filme Entre o Céu e a Terra | Crédito: Divulgação

Acompanhar um mostra de cinema, seja ela qual for, é ter a oportunidade de conhecer maneiras diferentes de fazer filmes, que não as costumeiras hollywoodianas e europeias que turbinam o calendário comercial das exibidoras brasileiras. Mas ser concebido por outro país, para além dos polos mais dominantes, não credencia qualidade exorbitante.

Por sua vez, Entre o Céu e a Terra acompanha o divórcio de Tamer e Salma e os empecilhos que eles encontram no caminho para assinar o papel no cartório. O filme acaba por se definir como um road movie, que leva os personagens a inúmeros lugares e paisagens (belíssimos, inclusive). Além disso, Entre o Céu e a Terra é uma jornada pessoal e íntima, onde o casal debate sobre o que os levou até a separação.

Entre o Céu e a Terra é uma história comum sobre divórcio, individualidade e busca identitária, termo que caracteriza o foco do desenvolvimento de ambos os personagens. Até então, talvez o filme não se faça tão interessante. O que desperta vontade no espectador para acompanhar a trama é a influência dos conflitos étnicos, religiosos e políticos que tencionam o relacionamento entre os personagens que cruzam o caminho de Tamer e Salma.

Esse contexto transforma, mesmo que apenas um pouco, essa história que até então era somente comum. É nessa roupagem que Entre o Céu e a Terra encontra um ponto diferencial. Mesmo que com a trama leve, e cheia de busca por significados, não se sobressaia ao ponto de ser um grande drama, o longa pode atinge um objetivo mais simples de ser um retrato local do Oriente-Médio. Tudo isso impulsionado pelos caminhos simbólicos e pessoais dos protagonistas que conduzem a trama.

É interessante ainda a trilha sonora trazer melodias locais de músicas famosas, como a performance de Natacha Atlas para a mundialmente famosa I put a Spell on you. Porém, é claro, que neste caso é apenas um adereço curioso que ajuda a construir esse retrato cultural – onde as situações ruins do dia a dia que condicionam os personagens a momentos duros fazem parte dessa cultura.

Entre o Céu e a Terra é um filme interessante que faz valer a pena o tempo investido nele, embora seja importante ter noção de não ir conferi-lo com grandes expectativas. Dentro de todos os filmes selecionados para a 44ª Mostra Internacional de Cinema há nomes de maior peso, com participações expressivas em outros festivais. Ademais, outros longas-metragens podem aparecer em algum momento na temporada de premiações. Para distração e a título de curiosidade, o filme de Najwa Najjar tem o seu valor simbólico e uma narrativa bem desenvolvida para uma dupla de personagens particulares dentro de suas personalidades.

Avaliação
Bom
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Sou jornalista, fundador e editor da Matinê Cine&TV. Escrevo sobre cinema e séries desde 2014. No jornalismo tenho apreço pelo cultural e literário, além de estudar e trabalhar com podcasts. Além dos filmes e séries, também gosto de sociedade e direitos humanos.