Batman - O Cavaleiro das Trevas / O Menino do Pijama Listrado

Todos os anos grandes filmes chegam aos cinemas, alguns mais reconhecidos pela crítica, outros fazem sucesso nas bilheteria, havendo aqueles que agradam apenas alguma parcela do público, sem deixar os que serão lembrados nos próximos anos. Pensando nisso, listamos nove filmes que completam 10 anos em 2018 e que merecem continuar na memória do cinema e do público, ou que trazem um motivo especial para integrar a lista.

Para a escolha dos filmes consideramos a data de lançamento original nos EUA.

 

Batman – O Cavaleiro das Trevas

Batman e Coringa em Batman - O Cavaleiro das Trevas

Considero o melhor filme de super-heróis já feito por parte da crítica especializada e do público, ou um dos mais importantes do gênero pela outra parte, a verdade é que o filme de Christopher Nolan é cultuado nos dias atuais e deve continuar por muito tempo, e com méritos, pois traz o vilão mais icônico da DC Comics para os cinemas. A interpretação impecável, que rende um dos melhores estudos de personagem na história do cinema, foi de Heath Ledger, que ganhou o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante no ano seguinte pelo filme e infelizmente foi encontrado morto em janeiro de 2008. O legado de Batman – O Cavaleiro das Trevas é bastante importante para o momento atual dos super-heróis no cinema, sendo a prova de que o gênero pode arriscar e inserir os seus personagens em retratos mais humanos, como James Mangold fez em março de 2017 ao trazer Logan (leia a crítica) aos cinemas. Além disso, o filme também arrecadou mais de US$ 1 bilhão nas bilheterias do mundo todo e também ganhou o Oscar de Melhor Edição de Som.

 

WALL-E

WALL-E

O robozinho limpador da Terra que apaixonou por uma robô de tecnologia mais avançada e embarca em uma aventura conquistadora no espaço, WALL-E, também completa 10 anos em 2018. Considerado como melhor filme da década de 2000 pela revista TIME, o longa vencedor do Oscar de Melhor Filme Animação encantou o mundo e arrebatou a crítica especializada. O feito de WALL-E, ou o seu diferencial, é que em boa parte do filme não há diálogos falados, apenas expressões corporais e vozes robóticas que guiam a narrativa de forma brilhante, fazendo o público compreender a qualidade do texto expressado pelo pequeno protagonista. Além disso, a não semelhança de WALL-E com robôs que emulam falas (como o C3PO de Star Wars) deu ao público a oportunidade de ter múltiplas interpretações do personagem e da sua personalidade.

 

Quem Quer Ser Um Milionário

Quem Quer Ser Um Milionário

Vencedor em 8 categorias do Oscar, entre outras premiações, Quem Quer Ser Um Milionário talvez seja um dos três melhores filmes de Danny Boyle, diretor de Transpotting (1996) e da sua continuação, por exemplo. O longa aclamado pela crítica retratou a dura realidade da periferia da Índia, mas manteve seu protagonista (vivido pelo ótimo Dev Patel) sempre a margem de decidir fazer o certo ou pender para o lado errado. Quem Quer Ser Um Milionário, contudo, é ainda mais importante por levar a Bollywood para o mundo em definitivo. A indústria cinematográfica indiana, que compete em alguns números com  Hollywood, encantou o mundo com o longa comandado por Danny Boyle. Quando chegou aos cinemas brasileiros, em março de 2009, Quem Quer Ser Um Milionário liderou as bilheterias nacionais, levando mais de 1 milhão de pessoas aos cinemas de todo o país.

 

O Menino do Pijama Listrado

O Menino do Pijama Listrado

Não faltam filmes sobre as crueldades da Segunda Guerra Mundial, mas existem retratos ímpares de histórias emocionantes que se destacam no meio desse alto número de produções relacionadas da Grande Guerra, e O Menino do Pijama Listrado com certeza é uma delas. Contando a história de duas crianças – um filho de um oficial nazista e o outro um pequeno judeu preso em um campo de concentração -, O Menino do Pijama Listrado é uma jornada de amizade e cumplicidade sobre a inocência de duas crianças afetadas pelo idealismo de uma era retrograda da mente humana. Adaptando a obra homônima de John Boyne, o longa traz um dos retratos mais cruéis sobre o que acontecia nos campos de concentração nazistas, e usa o ponto de vista de duas crianças para narrar brilhantemente essa história. O Menino do Pijama Listrado é adorado pelo grande público, que se emocionou com a história de Bruno (Asa Butterfield), e teve boa recepção da crítica, no entanto, o longa de Mark Herman não ganhou destaque nas grandes premiações, levando prêmios e indicações voltadas ao cinema independente.

 

Cloverfield – Monstro

Cloverfield - Monstro

Cloverfield – Monstro talvez não tenha grandes motivos para estar nesta lista. Porém, o filme de Matt Reeves (diretor dos últimos dois longas da trilogia Planeta dos Macacos e do vindouro The Batman), produzido por J.J. Abrams, foi uma surpresa alucinante de 2008. Filmado em sua maioria por câmeras portáteis, na mão dos próprios atores, o longa mostrou Nova York sendo destruída por um monstro gigante ao acompanhar um grupo de amigos que sofre com essa devastação e que buscam por um lugar seguro no meio do ataque. O marketing do filme foi desenvolvido de forma inteligente e enigmática, tendo seu primeiro trailer exibido nos cinemas junto ao lançamento de Transformers (2007) – sem ao menos apresentar o nome do filme e apenas jogando cenas de uma explosão no centro de Nova York e da cabeça da Estátua da Liberdade sendo jogada pelas ruas da cidade em uma referência ao cartaz do filme Fuga de Nova York, de 1981 -. Uma outra curiosidade inusitada é que Cloverfield – Monstro não possui trilha sonora, a única música que toca no filme surge apenas um minuto e meio depois que os créditos finais começam a subir na tela. O longa ganhou um spin-off oficial em 2016 (Rua Cloverfield, 10) que foi filmado em segredo, e ganhará outro filme em 2018, intitulado Cloverfield: A Partícula de Deus.

 

O Lutador

O Lutador

Considerado o melhor filme de Darren Aronofsky, ao lado de Réquiem Para Um Sonho (2001), O Lutador merece ser lembrado 10 anos depois do seu lançamento. O longa é um retrato cru da obsessão humana de superar os seus limites em busca daquilo que mais deseja – principal quando, por um momento, perdemos esse algo precioso. No filme, Mickey Rourkey dá ao The Ram (protagonista) uma interpretação primorosa, combinada com a câmera na mão do diretor, que traz ao espectador o tom naturalista da filmagem quase documental. É notável também que o movimento natural da câmera (ou a sua falta de equilíbrio que caracteriza essa filmagem) também acompanha o estado emocional do protagonista quando o mesmo passa pelas adversidades da vida, da decadência da vida atlética após o infarto até o momento inicial em que The Ram começa a trabalhar em supermercado. O Lutador é uma obra primorosa de Aronofsky e os seus 10 anos mostram que este é o tipo de filme que ganha cada vez mais força e significância com o passar do tempo.

 

Marley & Eu

Marley & Eu

Existem, de fato, filmes para chorar, e existe Marley & Eu – que dá motivos de sobra para o público se emocionar. Baseado no bestseller homônimo e dirigido por David Frankel (O Diabo Veste Prada), Marley & Eu é a prova de que muitas vezes o como (um filme é feito) é mais importante do que “o que” (o filme está contando). A história (início, meio e fim) não é mirabolante, muito menos inventiva, quem dirá surpreendente, pois o desfecho de tudo fica bastante óbvio com poucos minutos de filme. Contudo, apesar de saber como essa história irá acabar é difícil se preparar para o final, pois o baque que lhe acompanha é inegavelmente duro de segurar. Marley & Eu é uma história de amor e amizade, de ganhos e perdas, mas acima de tudo é humana o suficiente para saber que ela também pode ser a vida real, diariamente, e essa proximidade com o mundo fora das telas faz deste filme algo realmente importante de se lembrar 10 anos depois do seu lançamento.

Gran Torino

Gran Torino

Clint Eastwood exibe em Gran Torino um dos filmes mais conscientes e maduros da carreira de diretor – que já contava com Os Imperdoáveis, Menina de Ouro, Sobre Meninos e Lobos e ainda traria Sniper Americano. Gran Torino é uma história realista e pesada, que por vezes soa até mesmo como fúnebre, ao acompanhar um veteranos de guerra. O filme parece muito mais pessoal para Eastwood do que para o próprio personagem que é o centro das atenções, mas é através do cinema como uso de linguagem de expressão, que o diretor deixa claro que não vive mais no mundo que um dia o aclamou como grande astro, um mundo que ficou para trás, lá nos anos 1970. Apesar de também não figurar em premiações – mas ganhando um prêmio Cesar de Melhor Filme Estrangeiro -, Gran Torino é marcante o suficiente para ser lembrado por muitos e muitos anos, pois está entre os melhores da galeria do seu diretor.

 

Homem de Ferro

Homem de Ferro

Homem de Ferro simboliza dois feitos muito importantes: é uma das adaptações de quadrinhos com o melhor retrato do seu personagem-título e é o início de 10 anos de um trabalho incrível da Casa das Ideias. A Marvel nem sempre acertou com seus filmes, o próprio Homem de Ferro 3 é praticamente ignorado pelo universo compartilhado, mas o trabalho de fazer um universo de filmes que juntos contam uma grande história é bastante complicado e levou tempo para ganhar forma. Robert Downey Jr. claramente nasceu para interpretar Tony Stark, o ator, além de semelhante ao personagem dos quadrinhos, consegue trazer muito do que é, realmente, o Homem de Ferro – mostrando que dentro da armadura há um homem imperfeito de carne e osso como qualquer outro. Assim, o filme de Jon Fravreau, mesmo com um humor ácido, insere o seu protagonista em um mundo brevemente realista em que existem super-heróis, além de conseguir fugir do filmes como X-Men, e outros do gênero nos anos 1990, tinham como ideal os filmes de super-heróis. Homem de Ferro é um feito e tanto para o Marvel Studios e é impossível não lembrar do ponta pé inicial deste universo.