A pandemia do novo coronavírus não parou o MasterChef. “O mundo mudou, estamos enfrentando uma nova realidade”, disse a apresentadora Ana Paula Padrão logo nos primeiros minutos do episódio de estreia da nova temporada exibido na última terça-feira (14/07). O retorno do programa trouxe os Chefs Érick Jacquin, Henrique Fogaça e Paola Carosella de volta a cozinha mais famosa do Brasil.
Quando as gravações da temporada especial começaram, a Band anunciou que uma série de mudanças seriam adotadas por conta da Covid-19. Com isso a dinâmica do reality mudou. A cada episódio um novo campeão levará o troféu de MasterChef com mais alguns prêmios. Outra novidade importante é que quem ganhar também doará R$5.000,00 para uma instituição de caridade.
A cada semana oito diferentes cozinheiros amadores disputarão o cobiçado troféu e os prêmios, que são: R$5.000,00 dados pelo PicPay, R$500,00 em vale na Amazon e uma Echodot da empresa, um forno, um kit de panelas profissionais, um jogo de facas e uma bolsa integral em graduação ou pós-graduação na Universidade Estácio de Sá. As mudanças também estão no cenário. Com a reformulação não existe mais mezanino – nas temporadas anteriores, quem ganhava as provas podia ir para o local e apenas observar os competidores na eliminação.
As bancadas, agora, são individuais e respeitam os limites de distanciamento mínimo para evitar aglomerações. No entanto, é possível perceber que logo na apresentação, quando os cozinheiros ficam lado a lado para receberem os chefs, todos estão mais próximos do que deveriam. Apesar disso, não há contato físico entre eles.
Entre as mudanças ainda é necessário destacar a hora da apresentação dos pratos. Antes, no pequeno altar onde ficam os chefs, tinha um totem para os competidores colocarem os trabalhos e os jurados provarem e avaliarem a comida. Agora, cada chef tem um lugar individual de degustação. A medida, que visa eles não dividirem a mesma comida também é um trabalho a mais para os cozinheiros, que precisam apresentar três pratos finalizados para receberem o feedback.
O novo formato não muda apenas a disposição da competição, mas também muito do que fazia sucesso com o público. O programa tradicional é impossível de ser reproduzido no meio da pandemia, principalmente pela aglomeração dos participantes na hora do mercado (agora eles vão em dois grupos de quatro pessoas) e também nas provas em grupo, onde serviam comida para centenas de pessoas.
A dinâmica entre os participantes
Com o novo modo de competição, o programa mostrou ao público um grupo de pessoas que já passou por uma seleção. Ao longo do episódio, o reality trouxe pequenos pedaços dos participantes durante a primeira etapa, mas o principal acontece na conhecida cozinha. Relembre os cozinheiros amadores do programa inaugural da temporada:
Com o que foi mostrado na noite de estreia e com o que já se conhece do programa, a cada episódio haverão participais que devem conquistar a simpatia e o ranço dos espectadores. O paraense Ali Phillipe foi o primeiro a realizar a proeza de conseguir o desgosto do público. Antes da estreia do programa, o cozinheiro amador ficou conhecido por compartilhar o mesmo texto em grupos do Facebook para divulgar a sua participação no MasterChef.
Durante a estreia, Ali tentou chamar a atenção, mas o resultado não foi muito bom. Nas redes sociais, parte do público não gostou da sua participação. A repercussão ruim também se deu por causa de um problema que ele se envolveu durante a primeira prova, onde precisava servir um Caruru. Na hora do mercado, Phillipe pegou toda galinha disponível, ingrediente que não fazia parte do seu prato. A ação prejudicou Thiago, que tinha a missão de fazer uma galinhada e ficou sem o seu principal ingrediente.
O desconforto gerou discussão, e os dois acabaram dividindo a galinha. No fim da primeira prova os eles foram eliminados, e Ali teve o pior resultado da noite. “Não é ruim, quer dizer, é ruim, não é muito ruim, já comi piores”, disse Paola Carosella sobre o Caruru de Ali Phillipe. O ex-participante do programa voltou aos grupos do Facebook após a exibição do episódio. Nas novas publicações reclamou da falta de empatia do público, pois ao descobrir o que iria cozinhar ele revelou não conhecia o prato.
“Espero que se sintam bem com o que estão fazendo, eu estou péssimo”, disse Ali Phillipe em um post em um grupo do Facebook. Fora isso, o episódio foi pacífico e contou com competidores respeitosos e com fome de vitória.
Provas da estreia
O episódio exibido na noite de terça-feira (14/07) contou com duas provas, uma eliminatória e a uma final. A primeira trazia uma velha conhecida do programa, a caixa misteriosa. Ao levantarem o objeto, os competidores se depararam com um tablet. Ivete Sangalo, Fernando e Sorocaba, Thiaguinho e o humorista Tirulipa foram convidados para mandarem um vídeo falando sobre a sua comida favorita, e que consequentemente os amadores iriam cozinhar.
A cantora Ivete Sangalo pediu o caruru, Fernando e Sorocaba a galinhada, Thiaguinho uma tradicional feijoada e Tirulipa um estrogonofe de carne de bode. Na hora da avaliação ficou nítido que o nível de exigência dos jurados talvez não seja o mesmo. Mas o “tompero” e o sabor seguem mandando no resultado final. O que faltou foi eles falarem se os pratos eram dignos de MasterChef, como costumavam fazer.
Após a eliminatória, uma nova caixa chegou às bancadas dos cozinheiros amadores. Dessa vez, eles precisavam criar algo a partir da cesta básica, tendo quatro proteínas à disposição na geladeira do estúdio. A ideia era de simplificar, fazer o famoso “menos é mais” do chef Fogaça. Na hora da revelação, a fazendeira Cilene ficou insatisfeita com a prova. “Pensei em fazer um ragu de pato e me deram uma cesta básica”, disse ela durante o episódio.
Cilene havia vencido a prova eliminatória, e a sua vantagem era tirar um ingrediente da caixa de cada participante, podendo cozinhar com todos os seus itens. Contudo, a competidora foi derrubada pela cesta básica. O vencedor do primeiro episódio da temporada foi o representante da zona norte de São Paulo Hailton, que voltou as suas raízes fazendo arroz, feijão com bacon, bife de fígado acebolado e uma salada de repolho. “Em um período da minha vida , a minha mãe não tinha muito dinheiro e ela comprava muito fígado porque era o mais barato”, disse Hailton emocionado quando Ana Paula Padrão perguntou sobre o que o inspirou para fazer o prato vencedor da noite.
O resultado final das mudanças no formato
A maior perda de MasterChef é justamente naquilo que mais cativa o público: a competição. Um dos baratos de acompanhar o programa é ver crescimento dos participantes e o desenvolvimento das suas habilidades, o que os faz criar um repertório individual. Com o novo formato isso não será possível, porque agora a briga pelo troféu é muito mais simbólica e não traz o mesmo significado de antes – a jornada dos amadores no programa lhes garantia novas oportunidades.
Em determinada altura das temporadas anteriores, o público notava o quanto o MasterChef poderia ser transformador na vida dos seus participantes, que ao final ganhavam uma ótima quantia em dinheiro e um curso em uma das principais escolas de culinária do mundo. Agora, o prêmio é um incentivo que dá algumas das ferramentas necessárias para que os cozinheiros amadores se tornem profissionais. É um escopo menor, mas igualmente válido.
Dentro disso, é como se o programa perdesse o impacto, o público não terá a mesma expectativa de acompanhar a revelação do “novo MasterChef Brasil”. O formato, embora atenda o que a emissora queira (ter o programa no ar), não é tão satisfatório. A competição episódica em meio a pandemia pode confirmar a temporada mais morna do MasterChef. Embora não empolgue, há aqui uma das poucas novidades que a TV pôde produzir em meio a pandemia.
Os episódios da nova temporada de MasterChef vão ao ar pela Band todas as terças, às 22h45. No dia seguinte, o programa completo é disponibilizado no YouTube.