Imagem: Divulgação/ PlayArte Pictures
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O Sono da Morte veio como um filme de terror, mas é parecido com suspense, pela forma que constrói sua história, que tem “Q” de drama, estilo A Incrível História de Adaline, mas sem o romance. Com um tom levemente mais sombrio, ele lembra uma dezena de filmes, pela forma como desenvolve o roteiro e até mesmo pela história. Fato é que um filme que poderia ser bom acaba tendo uma grande confusão de conceitos.

Um menino que tem sonhos como todos os outros, mas enquanto ele dorme ou pega no sono esses sonhos acabam se tornando realidade. É praticamente uma fantasia misturada com drama e tons de suspense, mas quis o título que O Sono da Morte seja interpretado como filme de terror, mas não é, de jeito nenhum. Para você ter uma noção dessa confusão nos conceitos do longa, a história do jovem garoto lembra tanto O Efeito Borboleta como também O Labirinto do Fauno. Bizarro, não?

Jacob Tremblay (O Quarto de Jack) encabeça a história, sendo o protagonista do filme e carregando as melhores cenas, o melhor personagem e a melhor atuação disparada em comparação a Kate Bosworth. Só para constar, e deixar bem claro, o menino ainda tem apenas 9 anos de idade, e mesmo assim consegue carregar um filme nas costas trazendo um material ótimo, cheio de camadas interessantes. De certa forma, pela história que o personagem de Jacob carrega e seu breve histórico de vida, o menino foi sensacional. Entenda: mesmo que os sonhos bons dele tornem-se realidade, os pesadelos também aparecem no mundo real, e acompanhado com isso existe um “monstro” que toma forma e assombra ainda mais os seus sonhos. É uma simbologia, quase que uma metáfora, pois ele ainda é uma criança e não lembra de tudo que aconteceu, e muito do que ele lembra são memórias rachadas, que não estão completas. E tudo isso culmina em um trauma, personificado na figura do monstro.

Todo esse trauma, de perder a mãe, de ser adotado por mais de uma vez, de ter medo de dormir, trazem uma profundidade impressionante para o personagem do garoto. Coisas como tentar não dormir, tomar café preto – realmente puro, misturando manualmente o pó do café com água – e ter latas de energético guardadas mostram o tamanho do trauma do menino, que realmente tem medo de dormir. Isso chega a ser levemente agoniante.

Imagem: Divulgação/ PlayArte Pictures
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Até esse momento o filme é bem interessante, apresenta uma história bacana e instigante, pois obviamente você quer saber e entender porque isso acontece com o garoto, porque esse “dom” é motivo de trauma para criança. Outro ponto interessante é que Cody (Jacob) meio que chegou a sombra do falecido filho do casal Jessie e Mark, que morrera afogado na banheira. Então por conta de alguns fatos, ambos os lados – do adotado como também o dos pais adotivos – traziam consigo uma carga traumática muito grande, que convergiu e trouxe nuances bem interessantes para história, apresentando um contraste diferente de sentimentos em relação a anormalidade que estava acontecendo na casa.

O grande problema do filme é a sua explicação, certas coisas acontecem e mesmo sendo explicadas parece que não teve nenhum tipo de resposta. Na verdade foi bem clichê essa parte final, onde a história tinha o seu desenrolar, com Jessie indo atrás de respostas e descobrindo tudo sobre a vida de Cody, desde o que aconteceu com a sua mãe como também o que houve com a família que havia adotado-o anteriormente. A explicação para o “fenômeno” é plausível, mas difícil de compreender, fica um sub texto muito sub entendido para se concluir a história. Ela faz sentido, mas ao mesmo tempo não faz. O erro, também, é explicar uma parte e praticamente esquecer de outras crucialidades que haviam acontecido, detalhes pequenos, mas que mereciam respostas.

O Sono da Morte não pode, e nem deve, ser interpretado um filme de terror, ele é sim uma mistura de drama, suspense e tem um toque peculiar de fantasia, mas terror não. É impressionante o comportamento e a disciplina do jovem Jacob Tremblay, que realmente impressiona e é o único que consegue fazer você ter uma certa preocupação com o seu personagem. De resto o elenco é bem mediano, e entre o casal Mark, interpretado por Thomas Jane teve boas nuances e mostrou um lado mais lógico entre o casal, que agradou mais do que as irracionalidades compreensível de Jessie (Kate).

 

Nota do autor para o filme:

[yasr_overall_rating size=”medium”]