Diretor leva aos cinemas um filme verdadeiramente emocionante

Julia Roberts e Jacob Tremblay no filme Extraordinário

E agora eu sei que só o amor pode salvar o mundo.“, diz Diana Prince nos minutos finais de Mulher-Maravilha, que estreou em junho deste ano. A ligação entre os filmes, na verdade, é inexistente, mas Extraordinário faz questão de dar sentido para a frase recém citada. Stephen Chbosky leva aos cinemas um filme verdadeiramente emocionante, que não tenta emocionar o espectador com um falso sentimentalismo.

A história do garoto que nasceu com uma deformidade no rosto ganha vida com o jovem talentoso Jacob Tremblay de O Quarto de Jack, ao lado de Julia Roberts, Owen Wilson e a também talentosa Izabela Vidovic. O elenco é ajustado e como fruto da montagem do longa e da direção, todos (sem exceções) entregam muito mais do que se poderia esperar.

Tremblay, apesar de estar visivelmente desconfortável com a maquiagem em algumas cenas, encanta ao viver um personagem consciente da situação em que está inserido e que precisa crescer em um momento onde o mesmo talvez não quisesse. Independente disso, o ator faz o espectador embarcar em uma graciosa jornada, que acompanha Auggie, um menino que em um dia se esconde do mundo dentro de um capacete de astronauta, e em outro se vê explorando as mais diversas situações do cotidiano escolar -do bullying até a mais pura amizade.

O “barato” de Extraordinário não é apenas a forma como o filme explora o drama ou as inúmeras reações que ele evoca nos espectadores, mas sim a sua abordagem que apresenta mais de um ponto de vista sobre a mesma história. Assim, o longa ganha novos contextos e olhares, sendo possível criar a famigerada empatia não só com o protagonista. Apesar disso, há personagens que não precisam dessa abordagem, pois o papel deles dentro da história já é de conhecimento público, como o dos pais, e se fossem explorados (esses novos pontos de vista) Extraordinário poderia perder sua capacidade de emocionar inflando sua história. Além disso, cada um desses pontos de vista servem não só para termos uma nova perspectiva da história, mas também estão ali porque cada personagem em barca em na sua própria jornada de evolução pessoal.

Entre metáforas e ensinamentos, Extraordinário consegue ser o filme mais emocionante do ano, até agora. Tecnicamente, o longa é muito bem resolvido, é simples e sincero, até mesmo nas cenas mais lúdicas que ilustram os desejos e anseios do seu protagonista, mas acima de tudo, é um filme que sabe fazer com que suas sinceras emoções transcendam a película da sala de cinema e assim atingindo o público que se encontra nas poltronas. O que confirma isso, e que é um dos elementos mais interessantes para se prestar a atenção, é forma como os diálogos são conduzidos pela direção.

Todas as cenas que envolvem algum diálogo, e mesmo que seja óbvio que no fim delas o público pode se emocionar, fica evidente a colaboração entre direção e elenco, onde um deixa o outro trabalhar sem que haja a presença de uma trilha sonora gritando o que você deve sentir naquele momento. Assim, o filme consegue passar sentimentos verdadeiros ao mesmo tempo em que deixa os atores e atrizes fazerem aquilo que mais gostam, atuar – aliás, e que atuações, todas convencem e comovem na medida certa, sem serem forçadas ou automáticas.

Cheio de boas intenções, Extraordinário surpreende ao trazer emoções verdadeiras para tela do cinema. O filme de Stephen Chbosk chega disposto a encantar o espectador, sem melodramatizar sua história ou deixar ela sensacionalista ao exaltar seus sentimentos mais do que deveria. Com elenco, direção, roteiro, montagem e narrativa muito bem ajustados e conscientes das suas capacidades, Extraordinário traz a mais pura beleza da humanidade para o cinema e cumpre a promessa de ser verdadeiramente emocionante.

Avaliação

[yasr_overall_rating size=”medium”] (Ótimo)