Everything Sucks! nada mais é do que uma ode a década de 1990. Muito do que é visto aqui já apareceu em outro lugar, mas ao longo dos seus 10 episódios, a série faz com que toda essa homenagem não seja gratuita.
Nos últimos anos a década de 1980 tem sido a referência de muitos sucessos da cultura pop, com Stranger Things e It – A Coisa sendo as melhores consequências disso. No caso de Everything Sucks!, que é situada em 1996, esse passado não está tão distante, e essa época foi responsável por influenciar muito do que se viu nos anos 2000 – American Pie (1999), por exemplo, é uma grande filha dos anos 90 e levou essa essência adiante no início dos anos 2000. O desafio principal de Everything Sucks!, então, era subverter o que hoje é considerado como clichê em saudosismo.
Acompanhando um trio de garotos ingressando no colegial, a série não embarca em armadilhas que não justificariam as suas intenções. O drama adolescente old school traz uma história leve que consegue dialogar com os nascidos na década de 90, ao mesmo tempo em que abraça o grande público. O mais bacana disso tudo é a personalidade que o seriado consegue criar em meio as suas referências – Freaks and Geeks sendo a maior delas – que fazem o programa, mesmo sendo fruto de uma década, ter ainda uma voz própria.
Dentro disso, Everything Sucks! dá aos seus personagens dilemas e profundidade que tornam sua história mais envolvente e prazerosa de assistir. Luke O’Neil (Jahi Di’Allo Winston), o protagonista, por exemplo, precisa lidar com as dores do primeiro amor juvenil, a ausência do pai e as adversidades do colegial. Junto com ele, está a jovem Kate Messner (Peyton Kennedy), o grande destaque da temporada. A personagem, além de lidar com a solidão de ser a filha “estranha” do diretor do colégio, embarca em uma linda jornada de descoberta da sua sexualidade, trazendo, ainda, os pontos mais altos da primeira temporada de Everything Sucks!.
Apesar de ser um drama rápido, com 10 episódios de 20 minutos (mais ou menos), Everything Sucks! se dedica tanto ao entretenimento e lazer do espectador como também traz camadas que vão além disso. Depois de dar muita atenção ao desenvolvimento da jovem Kate, a série permite que outros personagens cresçam, dando a eles rápidos dilemas e uma divertida profundidade – além de um novo fôlego para a narrativa envolvente do programa.
Com uma ambientação impecável da década de 90 – regada a Oasis, Tori Amos, Cicero, Spin Doctors, Monica, The OffSrping, entre outras bandas e músicos que marcaram a época -, Everything Sucks! faz com que a sua nostalgia funcione não só pelo sentimento de saudade, mas por fazer que isso também serva para a história. Cheia de personagens divertidos, cativantes e até mesmo encantadores, Everything Sucks! é competente como distração e também como uma história repleta de bons momentos.