Imagem de One Night in Miami, filme dirigido por Regina King | Reprodução/AdoroCinema
Imagem de One Night in Miami, filme dirigido por Regina King | Reprodução/AdoroCinema

Vencedora do Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por Se a Rua Beale Falasse e de três Emmys, a atriz Regina King está fazendo a sua estreia na direção de longa-metragem para o cinema com One Night in Miami. Exibido no 77ª Festival de Veneza, o filme apresenta grande potencial para a temporada de premiações de 2021, como afirma Clayton Davis em matéria publicada na Variety.

Segundo o jornalista, “o drama parece pronto para ir longe na corrida de premiação deste ano”. One Night in Miami é um lançamento da Amazon Studios, e traz Muhammad Ali (Eli Goree), Jim Brown (Aldis Hodge), Sam Cooke (Leslie Odom Jr.) e Malcolm X (Kingsley Ben-Adir) reunidos na noite em que Ali derrota Sonny Liston em fevereiro de 1964. No filme, os ícones históricos vão discutir o movimento dos direitos civis na década de 1960.

Regina King pode fazer história

Ao longo de todas as edições do Oscar, apenas cinco mulheres foram indicadas na categoria de Melhor Direção e somente Kathryn Bigelow, por Guerra ao Terror, venceu a estatueta. Lina Wertmüller, em 1977, foi a primeira a conseguir a nomeação, seguida por Jane Campion (por O Piano em 1994), Sofia Coppola (por Encontros e Desencontros em 2004), Bigelow (em 2010) e Greta Gerwig (por Lady Bird em 2018). Até então, nenhuma mulher negra apareceu na categoria de direção do Oscar.

Nos últimos anos, nomes como o de Ava DuVernay e Dee Rees (diretoras dos filmes Selma: Uma Luta Pela Igualdade e Mudbound – Lágrimas Sobre o Mississipi, respectivamente) apareceram como postulantes a indicações na categoria. Mas ambas não foram nomeadas em Melhor Direção. Com o potencial do filme de Regina King, a atriz e agora cineasta pode ser a primeira mulher negra indicada ao Oscar de Melhor Direção na história da premiação.

Além do filme por si só, King conta com um grande apoio da Amazon Studios na corrida para o Oscar. One Night in Miami tem o roteiro assinado por Kemp Power, autor da peça de teatro na qual o filme é inspirado. Segundo Clayton Davis, o espetáculo de Power se passa dentro de um quarto de hotel. Na versão de King para a tela grande, a história ganha um retrato para além de um único cômodo.

Kemper Power é mais um nome envolvido na produção que pode fazer história. O autor escreveu Soul, próxima animação da Pixar. Assim, Power pode o primeiro roteirista negro a ser indicado nas categorias de Melhor Roteiro Original e Adaptado em uma mesma edição da premiação. A dobradinha foi realizada por Francis Ford Coppola em 1974 com os filmes A Conversação e O Poderoso Chefão II.

O próximo Oscar

Influenciada pela pandemia do novo coronavírus, a próxima temporada de premiação tem tudo para ser história. Por conta da situação causada pelo vírus, o Oscar será realizado no dia 25 de abril, diferente dos anos anteriores onde acontecia no final do mês de fevereiro ou no início de março. O período de elegibilidade, que costumava ser encerrado em 31 de dezembro do ano anterior ao prêmio, foi prorrogado até o dia 28 de fevereiro de 2021.

Os indicados ao prêmio máximo do cinema serão anunciados no dia 15 de março. Essa será a primeira vez em que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas aceitará a inscrição de filmes exibidos em plataformas de streaming. Até então a regra de elegibilidade exigia que os longas-metragens fossem exibidos (no mínimo) durante uma semana em um cinema na cidade de Los Angeles em circuito comercial. Mesmo com a mudança há uma exigência: os filmes precisam ter planejamento para estreia em cinemas. Se lançados apenas em formato digital sem a intenção de serem exibidos em tela grande, eles não serão aceitos pela Academia.

A noite de 25 de abril de 2021 ainda está distante e até lá muito ainda será resolvido sobre a realização da principal premiação do cinema.

COMPARTILHAR
Sou jornalista, fundador e editor da Matinê Cine&TV. Escrevo sobre cinema e séries desde 2014. No jornalismo tenho apreço pelo cultural e literário, além de estudar e trabalhar com podcasts. Além dos filmes e séries, também gosto de sociedade e direitos humanos.