Entre os filmes de super-heróis mais recentes, ou até mesmo os que foram lançados depois da virada do século, Deadpool (2016) está em uma galeria integrada por poucos títulos. Apenas por aqueles ímpares, e que trouxeram algo novo para o gênero – como X-Men 2, Homem-Aranha 2, Batman – O Cavaleiro das Trevas, Os Vingadores, Mulher-Maravilha e Pantera Negra -.

Deadpool 2 chega aos cinemas nesta quinta-feira (17/05) com este peso em suas costas e a promessa de ser maior que o primeiro longa. Em escala ele é, sem dúvida alguma, mas se analisados e comparados outros aspectos, Deadpool 2 não supera o primeiro filme, mas entrega o que o público mais gostou no longa de 2016: referências a cultura pop, zoeira, bons personagens e muita ação.

A primeira mudança considerável, determinante quando o foco é o resultado final, está na direção. Em 2016, as mãos de hábeis de Tim Miller levaram aos cinemas um dos principais lançamentos do ano, um filme singular, irreverente, surpreende em sua personalidade e com uma ação genial e inventiva Para a sequência, David Leitch, que co-dirigiu De Volta ao Jogo (2014) e comandou um dos filmes mais comentados de 2017, Atômica, foi o nome escolhido.

A princípio, Leitch tinha tudo para repetir a proeza do primeiro longa, além de ser, aparentemente, o nome certo para comandar a sequência. Mas aqui, em Deadpool 2, se prova o contrário. Leitch não foi tão inventivo ou mirabolante, a ação de Deadpool 2 não é tão chamativa quanto a do filme anterior. No entanto, o diretor entrega cenas empolgantes entre o protagonista e Cable, ou entre Colossus e o Fanático.

Durante a projeção fica claro que a intenção era de fazer o mesmo filme de 2016 (ou usar a mesma fórmula) com uma escala maior. A narrativa permanece mais ou menos a mesma, com uma troca de roupagem que adiciona elementos que servem de motivação e alimentam o background do protagonista para a inserção de algum peso dramático. Dito isso, Deadpool 2 de desenvolve de maneira confortável, se comprometendo apenas com a experiência do seu espectador.

Apesar disso, Deadpool encontra o seu melhor na zoeira. O sucesso comercial do filme anterior possibilitou um poder criativo imensurável para esta sequência, que não mede esforços para trazer referências e zoações aos espectadores. Seja Marvel, DC Comics ou a própria 20th Century Fox com Logan e os X-Men, não há limites para a folgação do Mercenário Tagarela.

Mesmo sem superar o que o filme de Tim Miller realizou, Deadpool 2 garante uma boa sequência ao saber aproveitar aquilo que deu certo dois anos atrás. Além disso, o filme ainda consegue estabelecer um universo com mais possibilidades para o futuro do personagem nos cinemas. A criação da X-Force é um grande respiro para o longa, e Cable é a melhor novidade que Deadpool 2 apresenta – Josh Brolin foi a melhor escolha para interpretar o personagem, o mesmo se aplica para Zazie Beetz como Dominó.

Inserido em um mundo mutante mais palpável, Deadpool 2 faz escolhas questionáveis e outras que não convencem como o esperado, mas todas colaboram para o avanço da história, que resulta em uma experiência divertida e competente dentro da sua proposta. Deadpool 2 em nenhum momento quer superar o seu antecessor, sua intenção é de apenas repetir o feito.

Deadpool está mais caricato e divertido, com Ryan Reynolds repetindo o acerto do filme anterior. Em alguns lapsos de sanidade, o filme ainda toca em temas não discutidos pelos próprios filmes de super-heróis, conseguindo impor pequenas críticas e até mesmo corrigir erros perturbadores do passado.

Avaliação
Avaliação: Bom
7.0
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Sou jornalista, fundador e editor da Matinê Cine&TV. Escrevo sobre cinema e séries desde 2014. No jornalismo tenho apreço pelo cultural e literário, além de estudar e trabalhar com podcasts. Além dos filmes e séries, também gosto de sociedade e direitos humanos.