Imagem: Banco de Séries
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A volta de Fear The Walking Dead com sua segunda temporada foi muito abaixo do que se esperava. A primeira season finale do prequel foi alucinante e trouxe muitos acontecimentos importantes e impactantes, mas o retorno veio com pouca energia e se preocupando com o rumo errado dos acontecimentos.

O episódio já começa muito perdido, do nada parte da família está com várias malas e bolsas na beira da praia durante a noite, acompanhados de uma horda de zumbis e com a cidade sendo bombardeada (fazendo referência a um flashback que Lori teve com Shane e Carl na estrada). Foram minutos muito confusos, até que enfim você consegue encontrar o fio condutor e ver que eles estão fugindo, mas o começo foi vago e aleatório.

Outro problema evidente foi a maneira de como os personagens foram trabalhados. O que se construiu de positivo começou a ser desfeito. O grupo que já está se formando vai precisar de um líder, óbvio, mas está sendo muito forçado que o personagem vivido por Cliff Curtis precisa se tornar o líder, desde de cedo as pessoas cobram Travis como se já fosse esse líder ou tivesse alguma atitude de liderança. O grande problema é que ele não tem a atitude e o perfil para liderar o grupo, é visível que Travis está perdido tendo que assimilar tudo que está acontecendo, o luto por causa de Liza, os problemas com Chris (cada vez mais insuportável) e a cobrança de Madison em cima dele acabam apenas dificultando o trabalho.

Todos os personagens devem ser melhor trabalhados e desenvolvidos de novo durante essa temporada, que precisa testar um pouco dos limites de cada um deles. A forma com que eles deverão ser testados era para ser algo que fizesse eles lidar com a procura de um lugar seguro, ajudar ou não as pessoas, defender os seus e todas questão de se adaptar para sobreviver. Ao invés disso os roteiristas se preocuparam em inserir um provável vilão já de cara, começando assim um ciclo vicioso e acabando por não mostrar algo de muito diferente de The Walking Dead, fora a localidade da história. É muito cedo para se inserir um vilão, por mais interessante que seja ver a ingenuidade dos personagens ser explorada de tal maneira, mas parece que a série quer criar essa dependência de “para podermos sobreviver nós precisamos de um vilão, só assim aprenderemos a fazer o que é necessário”.

Particularmente acredito que esses fatos poderiam ser adiados e a contextualização do que está acontecendo com o país deveria ganhar um destaque muito maior. O que seria o grande diferencial de Fear para TWD era mostrar o início do apocalipse de um jeito que a série mãe não apresentou, por causa do coma do Rick, mas aparentemente não é o Kirkman quer para a série.

A volta de Fear foi marcada por erros bobos, caminhos mal escolhidos e por ações ingenuas, como colocar alguém no rádio que poderia comprometer o grupo. Fora que tivemos um momento Z Nation no episódio com zumbis nadando, foi realmente bizarro, um erro bem medonho. Com certeza a temporada irá melhorar ao longo dos episódios, mas o início, mesmo com boa audiência, não foi bom.

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Sou jornalista, fundador e editor da Matinê Cine&TV. Escrevo sobre cinema e séries desde 2014. No jornalismo tenho apreço pelo cultural e literário, além de estudar e trabalhar com podcasts. Além dos filmes e séries, também gosto de sociedade e direitos humanos.