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Baseado na obra homônima de Cristóvão Tezza, O Filho Eterno é um filme simbolicamente diferente e apresenta conceitos interessantes capaz de criar diversos sentimentos em quem o assiste. O longa de Paulo Machline peca em ser demasiadamente extremista em sua apelação sentimental.

05 de Julho de 1982, não poderia existir um dia pior para Roberto (Marcos Veras), segundo o próprio personagem. Neste dia a seleção dos sonhos do Brasil foi eliminada pela Itália, no inesquecível 3 a 2 das quartas de final da Copa do Mundo daquele ano. Mesmo dia em que nasce Fabrício (Pedro Vinicius), com Síndrome de Down – na época chamada de mongolismo. A década de 80 não tinha o avanço tecnológico de hoje em dia e muito menos o conhecimento da doença, fato que implicou diretamente no drama dos pais.

A primeira reação de buscar informações e questionar os médicos para saber se o filho “tem conserto” é forte e começa a construir uma trama interessante. Mas a história é focada em como Roberto vai aceitar isso, já que o mesmo só queria um filho “normal”. É um assunto extremamente delicado, e por ter um apelo sentimental forte beirando a linha o melodrama, O Filho Eterno erra em ser extremista demais em relação à aceitação (ou a falta dela) do pai com o filho.

Os refúgios usados pelo personagem (bebida, viagens e sexo) aumentam o sentimento de revolta que o longa provoca propositalmente no público. A intenção de induzir sentimentos no filme, mesmo não concordando com a forma extrema em que são expostos, é um acerto do roteiro que domina a mente de quem assiste.

A artimanha de controlar as reações do público é bastante inteligente, pois você fica a mercê de ter a reação que o filme deseja. Criando todo esse arco dramático para Roberto, que não aceita totalmente o filho, trai a esposa e joga a sua família fora. O personagem vai ao limbo até que construa a própria redenção. É aí que o filme quebra toda a expectativa e consegue comover e emocionar fazendo todos os sentimentos que a própria história induz serem substituídos pelo perdão natural que o personagem recebe.

O Filho Eterno não é perfeito, dramaticamente sabe trabalhar muito bem os seus personagens e constrói de forma consciente toda a sua história. Marcos Veras tem um personagem fácil de interpretar, mas mesmo assim a atuação do comediante é muito boa no filme. O jovem Pedro Vinicius encanta a todo o momento em que aparece ao interpretar Fabrício, assim como o papel de Cláudia (Débora Falabella), que tem sua importância na história  e mesmo com uma abordagem superficial, o sentimento da mãe fica bastante claro na trama.

Avaliação

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