A matéria a seguir contém spoilers do terceiro episódio da terceira temporada de Fear The Walking Dead

Na noite de ontem (11), Fear The Walking Dead exibiu o terceiro episódio da sua nova temporada e seguindo o ritmo do final do seu segundo ano, e assim continua a apresentar uma história promissora. Em “TEOTWAWKI“, acompanhamos Madison (Kim Dickens), Alicia (Alycia Debnam-Carey) e Nick (Frank Dillane) se integrando a nova comunidade comandada por Jeremiah (Dayton Callie), enquanto que na fronteira, Strand seguia o seu caminho tendo um encontro desagradável com um conhecido do passado e um retorno surpreendente.

Uma das virtudes de Fear The Walking Dead é o trato que cada um de seus personagens recebe ao longo da história. Nick, Alicia e Madison começam a se fortalecer como família e grupo, onde cada um têm suas motivações e objetivos pessoais, mas juntos eles também estão de comum acordo com aquilo que realmente precisam: saciar a necessidade humana de ter um lugar para se sossegar; e por outro lado há o fortalecimento das individualidades dos personagens ainda separados do trio de protagonistas.

A terceira temporada começou surpreendendo e mostrando que ninguém tem um lugar garantido na série. A morte de Travis comprova que Fear não está disposta a levar personagens adiante caso eles já tenham concluído a sua jornada dentro do programa. Mas, ao contrário do personagem de Cliff Curtis, o restante do elenco parece estar apenas começando a sua verdadeira jornada. Madison , por exemplo, se encaminha cada vez mais para ser a grande liderança do grupo principal. Porém, a vantagem da série é mostrar a distinção de quem são os protagonistas e quem são os coadjuvantes, deixando evidente quem é descartável ou não dentro da história.

TEOTWAWKI” é um episódio inteligente e que estabelece um paradoxo com o próprio título. O nome do episódio trata-se na verdade de um grupo de pessoas sobrevivencialistas, ou seja, que estão sempre preparadas para que o pior aconteça, em circunstâncias catastróficas – desastres naturais, doenças que reduzam drasticamente a população, queda de governos, entre outros. Usando o conceito, Fear constrói com sabedoria o seu terceiro episódio, e mesmo que a história esteja se acomodando em lugar com o seu trio principal, o formato narrativo do programa faz com que ele mesmo não se acomode e assim utilizando, também, de forma inteligente os personagens desgarrados da história.

Aqui não se perde tempo com o luto

Apesar de se importar e depender muito dos seus personagens para que a sua história se torne mais atrativa, Fear The Walking Dead não faz de cada morte um evento abalável que perdura por diversos episódios. Travis morreu, houve o momento de dor pela perda, mas junto com ele chegou o crescimento dos personagens que alcançaram o devido discernimento para que a trama da temporada não parasse por causa de uma morte.

Por outro lado, a perda de Charlene serviu apenas de contexto para mostrar a união do novo grupo e que todos perdem alguém em algum ponto da estrada. Além disso, o acontecimento serve também para aumentar a hostilidade entre os moradores do local com a família recém chegada, afinal, para Madison e os filhos estarem ali uma pessoa muito querida pela comunidade também morreu, assim como Travis se sacrificou para que os seus estivessem em segurança neste momento.

Agora, Fear The Walking Dead caminha para consolidar aquilo que prometeu na estreia dupla da semana passada: se estabelecer e comandar o local, e se for preciso tomá-lo a força. Os personagem compreendem isso e sabem que precisam enfraquecer a posição hostil dos vizinhos e conquistar a confiança deles para assumir o controle do lugar. A tarefa não irá acontecer de forma rápida, pois estamos falando apenas do início do plot da terceira temporada. Mas o novo objeto consegue agregar fôlego a trama da série que não precisa construir, de fato, um grande vilão para os seus protagonistas porque a presença de um antagonista em potencial é o suficiente para que tanto os mortos quanto os vivos representem ameaças diferentes, mas ambas igualmente perigosas.

A volta dos que não foram (sem trocadilho)

Sem sombra de dúvida um dos personagens deixados para atrás e que até então estava morto, era uma figura em potencial que, assim como Travis, parecia ter cumprido com a sua jornada na série. Ao contrário disso, ao fim do episódio fomos surpreendidos com a volta de Daniel (Rubén Blades), que levou um garrafa de água para Victor Strand (Colman Domingo), preso por Dante (Jason Manuel Olazabal) depois de quase ser jogado do alto de uma represa em cima de um monte de zumbis.

A volta surpreendente fez questionar se aquilo era realmente verdade ou se era uma ilusão causada pela desidratação de Victor, mas era tudo verdade. O retorno de Daniel desperta a curiosidade, afinal não se sabe o que a série reserva para o personagem, a não ser pelo fato de Ofelia (Mercedes Masohn), sua filha, ainda estar vagando por aí, acompanhada de um personagem que ninguém sabe quem é, mas que pode ser o assassino de Travis e venha a ter certa relevância ao plot pessoal de Madison futuramente – o que é bastante provável, pois o ataque ao helicóptero que matou o personagem só poderia ser proveniente da mesma arma que quase matou Ofelia.

Enquanto Ofelia continua por aí, a série tende a apresentar o que aconteceu com Daniel desde que ele sumiu até os dias atuais do programa no próximo episódio, porque um dos méritos da série é saber o que contar no momento certo. Fear The Walking Dead mostra que sempre tem uma carta na manga para aguçar o seu público, fazendo com que sua história não entre em um marasmo comodista. Novamente, o uso de dois ou mais núcleos em um único episódio ajuda o programa a movimentar a sua história, algo que a série mãe (The Walking Dead) precisa aprender a fazer, pois mesmo que o plot atual do derivado não seja repleto de ação, o mesmo não deixa de ser promissor e interessante.

O próximo episódio de Fear The Walking Dead vai ao ar no domingo, 18 de junho, com o título “100“, às 22:00 pela AMC Brasil.