Imagem: Arquivo Pessoal/ Matheus Machado
Acompanhe abaixo a crítica do episódio ‘Grotesque’, no retorno da 2ª temporada de Fear The Walking Dead
Imagem: Arquivo Pessoal/ Matheus Machado
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A segunda temporada de Fear The Walking Dead, para mim, é marcada por alguns pontos positivos, e muitos negativos. É uma temporada que teve momentos bons e ruins, onde, quando conseguiu criar algo promissor o roteiro confuso vinha e estragava a festa.

Nem tudo está perdido, mas é preciso fazer um leve desabafo. Quando pensei em assistir Fear, logo antes da sua estreia, houve um momento de animação por querer ver algo completamente diferente de TWD. Até aí tudo bem, nova localidade, novos personagens, tudo novo. Na verdade tudo velho. Mesmo com personagens novos, sendo que a maioria são chatos e enjoativos (salvo uns dois ou três), e a história se passando em novas localidades fica nítido que FearTWD não sabe seguir um rumo próprio; “Ah, mas a história é diferente, os personagens são outros“. Eu sei, eu sei, e como sei. O problema não é esse, o problema, ou defeito, é que o desfecho dos acontecimentos é praticamente o mesmo. Lógico que se tratando de um apocalipse zumbi não tem como ser muito diferente. Mas o fato que quero ressaltar é que Fear The Walking Dead poderia ter um início bem diferente, poderia ter aproveitado muito melhor outras propostas que foram apresentadas na série, mas quiseram os conceitos dos roteirista correrem atrás de The Walking Dead, e apesar da linha temporal estar anos atrás da série mãe, os fatos e acontecimentos são quase que os mesmos.

Enfim, o episódio em questão (Grotesque), teve realmente coisas bem grotescas, mas fazendo um breve balanceamento, é preferível ter um episódio regular com um bom personagem, do que um episódio corrido com Travis e companhia. Cá entre nós, Nick e Alicia são os únicos que conseguem sustentar a história de um episódio. O problema, deste que assistimos, é que ele foi raso de mais. O que quero dizer é que se você está no meio de um apocalipse zumbi entregando um monólogo para um personagem que consegue carregar uma história nas costas, você deveria (com certeza) ter um nível de tensão muito mais alto. Tivemos momentos de quase tensão, mas que foram bem fracos e previsíveis, assim como Nick caminhando entre a horda e entrando novamente na rodovia. Alguém aí deixou de pensar que ele encontraria os “assassinos” de novo? Impossível ser mais previsível do que isso.

O episódio, mesmo sendo regular, mostra de que não só os personagens da série estão perdidos, mas a história também. Ele foi completamente sem rumo, e ao mesmo tempo interessante. Mas é aquela coisa, daqui a pouco, depois de se estabelecer no lugar (ou não) algo de ruim vai acontecer com as pessoas que vivem no local onde Nick chegou, que seria uma Alexandria mexicana. Existem conceitos bons por trás de tudo que acontecem na série, conceitos que no papel ficam bons, mas que na prática ficam totalmente perdidos. O grupo, está completamente separado, teremos pelo menos mais dois episódios mostrando o grupo até que eles possam se encontrar por ironia do destino, ou um acaso nas estradas de Tijuana.

Imagem: Arquivo Pessoal/ Matheus Machado
Imagem: Arquivo Pessoal/ Matheus Machado

Outros núcleos, como de Maddy e companhia e Travis e Chris ainda serão mostrados. Espero, realmente, que haja mais tensão, que usem melhor os perigos das ruas, que mostrem realmente do que as pessoas são capazes de fazer para sobreviver. Por exemplo, achei sensacional mostrarem o que Nick bebendo (ou pelo menos tentando) água de cacto, comendo bucho de cachorro. Mas como eu disse antes, ficou muito raso, superficial para ser mais claro. A construção desses dois momentos foi muito fraca, ficou com cara de superação, e não de sofrimento. É preciso aprofundar, no roteiro, o sentimento que o personagem passa em uma hora dessas, o que nós, público, queremos é sentir empatia pelo personagem, ficar com dó, com medo de perder ele e sentir uma grande tensão quanto isso. Ou seja, a falha foi na construção, pois mesmo sendo um monólogo, o episódio poderia ter sido ótimo. Comparo esse plot com o filme Águas Rasas, que é quase a mesma coisa, mas o filme consegue construir a tensão que Fear The Walking Dead nem tentou fazer.

A season finale de The Walking Dead deu uma aula quanto a isso, olha o que foi aquela explosão de sentimentos em frente ao Negan, olha a reação dos personagens ajoelhados diante dele. É isso que falta em Fear The Walking Dead: ousadia e coragem. Se é para você colocar os limites das pessoas a prova, faça isso, sem medo, sem receio, faça isso com fervor, de um jeito que perturbe o público, que nos deixe com receio pela morte de um personagem. Tirando Nick e Alicia, ninguém vai sentir falta de qualquer um dos outros personagens, que são mal explorados, que tem conceitos ruins e atores que deixam tudo ainda pior – não é só Nick e Alicia que temos de bom na série, mas falo só para contextualizar a precariedade de personagens que se tem-. Nunca que o Travis será um Rick da vida, Maddy não chega a ser metade da unha encravada da Carol, Chris não será um grande personagem como Carl, entendem o que digo?

Que a série tem potencial ela tem, sem sombra de dúvida, mas a questão, de verdade, é: quando que vão saber usar esse potencial de verdade?

Enquanto isso novos personagens apareceram e fizeram muito bem para a história. Tiveram pouco tempo de cena, é verdade, mas tiveram personalidade suficiente para termos momentos quase que engraçados e de identificação. Mais uma vez Fear The Walking Dead fica como promissora, mas acho que está na hora de subir o nível e tomar um pouco de todinho. Ou seja, tudo que foi criado em The Walking Dead, foi transformado em outro local e com outros personagens para FearTWD.

Fear¹: Sei que é chato ficar com parando uma série com a outra, mas enquanto Fear The Walking Dead não se torna independente e adquire personalidade própria, o jeito é ficar comparando o mestre com o pupilo.

 

Nota do autor para o episódio:

[yasr_overall_rating size=”medium”]