Imagem: IMDb / Crédito: © 2017 Amazon Studios
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A vitória de Moonlight – Sob à Luz do Luar como Melhor Filme do Oscar 2017 não serviu apenas como um prêmio merecido ao filme de Barry Jenkins, mas também veio a calhar para diversas produções que fogem das abordagens rotineiras do cinema (seja ele hollywoodiano ou não). O melhor, ainda, é ver que estes filmes diferentes começam, finalmente, a ganhar ainda mais valor no mercado cinematográfico (que hoje se move a base de reboots e remakes), e este é o caso do novo trabalho de Todd Haynes (diretor de Carol, que recebeu seis indicações ao Oscar, sem ganhar em nenhuma das categorias).

Ontem (17), o Festival de Cannes abriu os trabalhos de sua nova edição, e o primeiro dia foi marcado, principalmente, pelo polêmico discurso (ou ataque) do presidente do Juri deste ano, o adorado diretor Pedro Almodóvar. Na ocasião, o diretor questionava as obras da Netflix que não seriam exibidas no cinema e participam do festival, porém, este é assunto para outro momento. O segundo dia do Festival de Cannes trouxe a primeira exibição de Wonderstruck, filme que traz Julianne Moore e Michelle Williams (Manchester à Beira Mar) como os principais nomes do elenco, entretanto, vivendo papéis de coadjuvantes.

Estrelado por Oakes Fegley (menino de 12 anos que já atuou em Meu Amigo, O Dragão no ano passado ) e Millicent Simmonds (a menina surda de 14 anos que faz a sua estreia no cinema), Wonderstruck traz uma história apresentada em dois núcleos diferentes, um situado em 1927 e o outro cinquenta anos depois, em 1977. O primeiro (no caso, o mais antigo) mostra a história de Rose (Simmonds), que mora em Hoboken, Nova Jersey, e vai para Nova York tentar conhecer uma atriz famosa. No outro núcleo, que se passa cinquenta anos depois, a história é centrada em um garoto surdo que foge da sua casa no Minnesota, e acaba indo para Nova York em busca de conhecer o próprio passado.

O The Hollywood Reporter afirma que “Haynes assume riscos com filme“, pois a história de Roseé apresentada como um filme virtual, silencioso” e têm “longos trechos que não contêm nenhum diálogo falado.“. Os riscos que o diretor aparenta correr somados ao resultado “educadamente aclamado” da exibição do filme, soam melhores como ousadia e coragem de fazer um filme tão diferente do normal – afinal, não é todo dia que vemos um filme em que os protagonistas são surdos e mudos, quando muito, com longo espaço de tempo com a ausência de diálogos.

Imagem: IMDb / Crédito: © 2017 Amazon Studios

Wonderstruck ainda traz Briam Selznick, o autor da obra original ao qual o filme se baseia, como escritor do roteiro. O THR ressalta a qualidade de Selznick como escritor, pois é dele o livro adaptado em A Invenção de Hugo Cabret – filme vencedor em cinco categorias técnicas do Oscar, dirigido por Martin Scorsese a partir do roteiro de John Logan.

“O roteiro é extraordinário. O amor de Brian pelo cinema, a compreensão e a paixão dele pelo filme, permearam o conceito do roteiro dele e por isso foi uma ideia intensamente cinematográfica.”, afirmou Todd Haynes ao Hollywood Reporter. “Para um cineasta isso era irresistível, e também era algo que eu nunca tinha feito antes – focalizar a imaginação das crianças, e ainda construir um verdadeiro mistério”, completou o diretor.

O THR afirma também, no artigo escrito pelo jornalista Gregg Kilday, que o filme, inicialmente, não parece ter a cara da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, porém, ele também ressalta que Moonlight não apresentava as tais características que são a cara do Oscar – ao contrário de La La Land – Cantando Estações, que era totalmente dedicado a principal premiação do cinema.

Wonderstruck já tem estreia marcada para 15 de novembro de 2017 na França, e antes, em 20 de outubro, ele entra em circuito limitado nos Estados Unidos – mas se há pretensões ao Oscar, isso pode mudar.

Assista ao trailer do filme logo abaixo.