Imagem: Reprodução/IMDb

The Big Bang Theory, inicialmente, não precisava de um derivado, ainda mais focado em Sheldon (Jim Parsons). No entanto, o primeiro episódio de Young Sheldon surpreende com seus rumos inesperados, e ao invés de focar seus esforços apenas em dizer quem é o Jovem Sheldon, o piloto mostra muito mais do que isso.

Um gênio de 09 ano de idade, que, no auge da infância, já tinha colocado à prova a Teoria da Relatividade de Albert Einstein, e assim sendo uma criança, sem dúvida, fora padrões. O pequeno Sheldon tinha tudo para ser um garoto irritante e cheio de si, como consequência da própria inteligência. Porém, o garoto vivido por Iain Armitage, mescla a inteligência de um pequeno gênio com a inocência de uma criança comum, fazendo que o personagem esteja inserido, sim, no mundo real – ou de forma mais simples, a comédia faz o público acreditar que aquilo é realmente possível de acontecer.

Young Sheldon ao longo do seu primeiro episódio ainda tem a grande missão de fazer o seu próprio telespectador acreditar que aquele rapazinho vai se tornar o Sheldon Cooper de The Big Bang Theory, e apesar de ter apenas um episódio exibido o derivado começa a cumprir essa missão com certa facilidade. As manias e tocs de Sheldon estão ali, não exatamente como já conhecemos hoje, mas de um jeito ou de outro, tudo começa aqui, em Young Sheldon.

Com isso  já haveriam motivos o suficiente que garantem a natural qualidade da série, mas, ao invés disso, o programa aposta em explorar o contexto familiar, sobre como é ter um pequeno gênio dentro de casa. Em Young Sheldon conhecemos, por exemplo, a sua irmã gêmea Missy (Reagan Revord) e o mais velho George (Montana Jordan). Os personagens causam dois contrastes diferentes, mas muito interessantes dentro do contexto que a série tende a explorar. Missy, obviamente de 09 anos, precisa conviver com o fato de que o irmão gêmeo está anos a sua frente na escola, enquanto George precisa lidar com o fato de estar no primeiro ano do ensino médio, sendo colega do irmão (gênio) de 09 anos.

Imagem: Reprodução/IMDb

Inicialmente, pelo menos por parte de Missy que vive sua plena infância, a presença de Sheldon não causa muitas mudanças – aliás, junto com a mãe, a garotinha parece ser a que melhor consegue lidar com a inteligência fora do normal do irmão gêmeo. Enquanto isso, George enfrenta as dificuldades de ser colega de classe do irmão mais novo, e já de cara ganhando a fama do “irmão burro” – que nem precisa de muitas explicações. É claro que em meio a tudo isso que pode ser absorvido durante o episódio, Young Sheldon não abre mão da comédia, mas esta, por incrível que pareça, parece ser coadjuvante se comparada a esse sub texto. O episódio piloto se sustenta de forma natural, e tudo acontece de modo orgânico, sem pressa alguma – tanto que o mesmo bateu recorde de audiência e já garantiu uma temporada completa para a série.

No início e no fim do episódio ainda há a presença das narrações de Jim Parsons, para deixar que a história desenvolva-se como se fossem memórias nostálgicas do Sheldon adulto. As narrações, no entanto, surgem como um ponto fora da curva, pois Young Sheldon se sustenta muito melhor sem elas – alias, as entradas de Jim Parsons trazem um texto levemente diferente do que a própria série abordou ao longo do episódio.

Apostando em um clima forte dos anos 80, usando muito dos estereótipos do ambiente High School da década, Chuck Lorre e Steven Molaro (criadores da série) acertam em cheio com Young Sheldon. O derivado de The Big Bang Theory é capaz de divertir e garantir bons momentos de descontração, mas se engana quem pensa que a série para por aí, ao contrário disso, o programa ainda pode trazer muito mais do que a vida de um pequeno gênio ao explorar as adversidades e diversas possibilidades que tal dom pode trazer para a vida da família de uma criança extraordinária.