Enfim um episódio que conseguiu trazer peso para a temporada

Khary Payton como Ezekiel na 8ª temporada de The Walking Dead

Arriscar uma jornada emocional em meio a guerra é um caminho promissor a ser seguido, mas só isso não basta. Para que isso funcione, é preciso acrescentar peso dramático e consequências diretas aos atos dos personagens. Antes de “Some Guy“, esses elementos estavam em falta na oitava temporada de The Walking Dead, agora, porém, a narrativa foi incrementada com aquilo que mais lhe faltava.

Some Guy” reforçou o tom emocional que The Walking Dead quer evidenciar no início da sua nova temporada, assumindo um formato que alterna seu desenvolvimento episódico entre o presente e alguns flashbacks. Além disso, a série continua com um discurso motivador sem apresentar uma real necessidade para que isso aconteça, mesmo assim é possível entender por que o roteiro continua insistindo nisso.

A falha principal de The Walking Dead, antes de “Some Guy“, era trazer tiros, explosões, armadilhas, entre outros elementos, em uma guerra sem peso e sem consequência que não conseguia atingir o espectador. No entanto, o episódio de ontem começou a mudar essa perspectiva. “Some Guy“apostou na jornada, emocional, de Ezekiel (Khary Payton), mas foi mais eficiente em trazer peso dramático e consequências para um conflito isolado – na verdade, não há nada melhor do que colocar ordem na casa aos poucos.

Porém, a principal consequência que o episódio trouxe foi a bem-vinda profundidade para o Rei. Na temporada passada, quando o personagem foi apresentado ao público, faltou espaço durante os episódios e, também, desenvolvimento. “Some Guy” supriu um pouco dessa necessidade, as aparições de Ezekiel, até o momento, foram apenas em falas de efeito que serviram para deixar uma impressão de um personagem canastrão e sem peso. Mas, enfim, essa perspectiva mudou. Enquanto no presente o personagem desacreditava a própria posição de Rei – quando, internamente, crescia o seu próprio conflito -, no passado o episódio criava um contraste entre o momento atual e a coragem que o Rei apresentou na frente do seu povo antes de partir para a batalha.

Enquanto isso acontecia do lado de fora de um dos postos avançados dos Salvadores, Carol (Melissa McBride), no lado de dentro, mostrou mais uma vez como ela pode tornar a narrativa da série eficiente. A personagem, mais uma vez, é uma solução para o roteiro, que se demonstra inteligente ao saber usá-la como uma forma de se locomover e dar objetivo ao próprio episódio. A missão, claramente, não era apenas invadir o local e matar os Salvadores, o grupo de Rick (Andrew Lincoln) também quer as armas dos vilões, logo, o episódio focou em um fato isolado, que precisava se encerrar, já que na semana passada o lado de Jesus e Morgan teve, em parte, a sua fatídica conclusão – agora, fora a vez de Ezekiel e Carol.

O roteiro de “Some Guy“, ao mesmo tempo em que soube se resolver com facilidade e trouxe objetivo ao episódio, também reforça algumas fragilidades da série nessa temporada. Há momentos, durante o episódio, em que a barriga da história fica a mostra, o episódio, mesmo sendo objetivo, ainda exibiu pequenos momentos que não precisavam aparecer – como Carol negociando com os Salvadores, algo que soa contraditório para o grupo de vilões que caíram, inicialmente, no conto da boa moça. Esse tempo de tela poderia ser melhor utilizado para mostrar algo mais contextual, assim os aparecimentos de Jerry (Cooper Andrews), Rick, Daryl (Norman Reedus), e outros personagens, não soasse apenas como recursos narrativos de Deus Ex-Machina – talvez, se tivessem dado um contexto mínimo a esses personagens, as suas participações não dariam a impressão de serem, apenas, um “último recurso“.

A falta de peso que a temporada não conseguia transmitir ao público é um reflexo direto do roteiro desgastado de The Walking Dead. Enquanto acontecimentos de pouca importância ganhavam espaço – como a morte dramatizada em excesso de personagens menores -, a morte da Shiva foi realmente o grande peso da oitava temporada até aqui. Novamente, um reflexo direto das falhas de construção do primeiro ato da chamada Guerra Total.

The Walking Dead encaminha-se para o miolo da sua temporada, que até o momento tem sido irregular, com alguns episódios bons, outros nem tanto, mas todos sempre com a sua qualidade questionável. Para a próxima semana, o foco cairá direto nos Salvadores, um lado ainda não explorado pela guerra.

Avaliação

[yasr_overall_rating size=”medium”] (Bom)