O penúltimo episódio da oitava temporada de The Walking Dead, “Worth“, conseguiu ser uma mistura do que a série não pode mais fazer com algo que, por muitos momentos, faltou durante o ano oito. Ou seja, The Walking Dead insiste em perder tempo com subtramas paralelas que enchem a famigerada linguiça da série, mas ainda consegue se resolver, mesmo que por um breve momento.
“Worth” começou dando continuidade a um momento que, talvez, já deveria ter acontecido. Rick (Andrew Lincoln) leu a carta que Carl (Chandler Riggs) lhe deixou. O conteúdo escrito era bastante pessoal, relembrava a vida do personagem antes do apocalipse, mencionava Laurel e ainda pedia paz entre o pai e Negan (Jeffrey Dean Morgan). No entanto, ficou mais claro do que nunca que já é tarde para isso. Por parte de Rick, caso recupere um pouco do senso de humanidade que um dia já teve, é possível que haja algum tipo de misericórdia. Quanto a Negan, isso não é mais uma opção.
O episódio ainda cumpriu com uma das suas tarefas principais: mostrou Negan colocando ordem no Santuário e resolvendo todos os assuntos pendentes que haviam por ali. O final do episódio passado deixou um cliffhanger saboroso quando mostrou Negan voltando para o Santuário e encontrando um personagem misterioso no meio do caminho. A resposta mais óbvia, citada também na matéria do domingo passado (leia aqui), foi Laura, sumida desde a primeira metade da temporada. Sendo este o caminho mais óbvio e viável, a série apostou em trazê-la de volta para que o destino de Dwight (Austin Amelio) se tornasse incerto no programa, e conseguiu.
O núcleo dos Salvadores, mesmo que arrastado, foi o que de mais interessante o episódio do último domingo (08) conseguiu nos trazer. Nele, Negan traçou um plano para enganar Dwight e Rick sobre o início da sua ação final para dar fim ao tal conflito. Nesse ponto “Worth” conseguiu ser um episódio eficiente ao enganar, no bom sentido, o seu espectador, que via em cena um antagonista sem capacidade de enxergar o que havia de errado por ali – e passando a mão na cabeça daquele que tripudiava nas suas costas.
Aliás, a chamada Guerra Total, até o presente momento, não passou de um chamarisco de marketing. Sua atuação mais presente foi um menos de meia dúzia de episódios e em artes promocionais. O conflito poderia ter uma resolução muito mais objetiva, mas a decisão “criativa” de prolongá-lo por toda a temporada tornou o que deveria ser o ápice da série numa história completamente inflada e desgastante, que não trouxe nenhuma recompensa ao espetador.
Nas tramas paralelas The Walking Dead insistiu mais uma vez em Oceanside. A comunidade composta só por mulheres, mais uma vez, não teve utilidade nenhuma a narrativa, e caso siga nesse rumo na season finale (sendo descartável como um possível Deus Ex-Machina), a série pode tratar de esquecer esse núcleo assim como fez com um de seus personagens – Heath. Aaron (Ross Marquand) foi assolado por “perigos” clichês, que The Walking Dead continua fazendo por um motivo desconhecido, e apenas preencheu tempo em um episódio que demorou para traçar um objetivo aceitável.
Ainda nos plots contextuais, Daryl (Norman Reedus) e Rosita (Christian Serratos) seguiram a mesma linha de apenas preencher tempo de tela, afinal o que adianta sequestrar Eugene (Josh McDermitt) se o personagem acabaria no mesmo lugar onde estava no começo do episódio? Isso só prova que o roteiro de “Worth” não tinha o que inventar e acabou pisando na bola. Com isso, o episódio não acrescenta absolutamente nada a narrativa e muito menos ao desenvolvimento desses personagens – a exceção fica mesmo para os Salvadores, que tiveram mais relevância.
Por fim, eliminando Simon (Steven Ogg) da jogada, desmascarando Dwight e recebendo as últimas palavras de Carl através de Michone (Danai Gurira), Negan encerra o episódio com o “No more talk” (uma espécie de “chega de conversa fiada“, ou, “chega de enrolação“), colocando The Walking Dead na obrigação de encerrar de vez a Guerra Total, um plot que foi mais prolongado do que deveria.
“Worth” deixa um gosto amargo na boca, mas também uma sensação de alívio por ser o penúltimo episódio da temporada. Espera-se, ao menos, que The Walking Dead termine o seu pior ano com o mínimo de dignidade, abrindo a mente dos seus produtores e roteiristas para mudanças significativas que possam colocar a história e os seus personagens em um caminho melhor.