The Walking Dead
Reprodução/IMDb

A trama de The Walking Dead já apresentou um plot similar ao de uma sabotagem no memorável arco da Prisão, quando o grupo de Rick (Andrew Lincoln) estava estabelecido no local e alguns membros ficaram doentes, mas, antes disso, uma morte quase causou uma catástrofe interna na ocasião. No episódio exibido no ultimo domingo (25), a série parece ter usado este arco como base de inspiração, reciclando o plot e usando-o de uma maneira diferente.

The Walking Dead retornou com a sua oitava temporada de um jeito diferente. Os episódios estão mais eficientes, avançam a história e se preocupam, bastante, com a continuidade dos acontecimentos. Dito isso, é interessante relembrar os primeiros minutos do episódio anterior, que são totalmente importantes para a compreensão do que aconteceu em “Do Not Send Us Astray“. Na semana passada, vimos os Salvadores se preparando para sair do Santuário e atacar o grupo de Rick em Hilltop. Nesse momento, eles estavam retirando o sangue pútrido dos zumbis para passar em suas armas, deixando-as infectadas.

Logo, quem fosse ferido pelas armas sofreria dos mesmos efeitos de uma mordida “normal“, pois o “agente” infeccioso que faz o processo de contaminação matar a pessoa estava impregnado nas armas. Sendo assim, o plano dos Salvadores era causar um dano significativo no grupo de Rick, sem que, de fato, eles estivessem sujando as suas mãos. Assim os antagonistas voltariam como os “Salvadores” depois de desestabilizar de forma definitiva o grupo concentrado em Hilltop.

O confronto, aliás, foi o melhor e mais organizado no arco da Guerra Total. Na primeira metade da temporada, haviam 45 minutos de tiros que não levavam a nada e muito menos traziam algum tipo de consequência para a série. Aqui, diferente disso, o embate teve estratégias interessantes e bem executadas nos dois lados, sendo correto afirmar que nenhuma das duas deu errado.

The Walking Dead
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Contudo, ao longo da oitava temporada, The Walking Dead continua pecando na direção. Em um confronto como estre, franco e aberto, a direção de Jeffrey F. January precisava dar ao espectador uma noção de espaço muito maior da que foi vista na tela da TV. Algumas cafonices, como Daryl (Norman Reedus) atirando com a moto em movimento, se repetiram. Ou, ainda, quando Rick acertava alguns Salvadores com sua machadinha – uma galhofa difícil de engolir.

Outro ponto interessante trazido pelo episódio foram as baixas que o grupo de RickMaggie (Lauren Cohan) tiveram. Apesar de não serem significativas, a série conseguiu fazer com que o embate fosse uma espécie de gota d’água para os protagonistas – mas o mesmo não se repetiu no lado dos Salvadores, até porque eles pouco se importam com aqueles que perdem. Simon (Steven Ogg), que não dá a mínima para suas perdas, apareceu repugnante e com muito potencial, e executou seu plano conforme a série estava desenvolvendo-o – mesmo que em tela tenha faltado mais vigor ao antagonista, que abriu mão do seu sadismo em prol de cuidados, ou falta de coragem.

Ainda dentro das consequências, “Do Not Send Us Astray” mostrou que Tara (Alanna Masterson) pode enfim dar adeus ao programa. A personagem foi atingida por uma flecha, atirada por Dwight (Austin Amelio), que, teoricamente, salvou a sua vida novamente. No entanto, não ficou evidente se a flecha dele também estava infectada com o sangue pútrido dos zumbis. Mas a julgar pela falta de efeitos colaterais (sem febre aparente) a personagem pode sobreviver por mais algum tempo.

Do Not Send Us Astray” continua refletindo sobre a morte de Carl (Chandler Riggs). Michone (Danai Gurira), novamente, carrega um fator humano muito mais sensível que Rick. O protagonista, visivelmente, está reprimindo sentimentos sobre a morte do filho, e em algum momento a série precisa mostrar isso sendo expelido pelo personagem. Para confirmar isso, o episódio consegue focalizar esse resguardo sentimental quando Michone e Siddiq (Avi Nash) tentam se aproximar dele, e, principalmente, quando Rick e Maggie trocam rápidas palavras após a fuga dos vilões.

The Walking Dead
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Depois de desenvolver o confronto e apresentar suas consequências mais urgentes, The Walking Dead abriu espaço para uma subtrama sem importância. A vingança de Henry, embora compreensiva, repete o que a série quis fazer em outras ocasiões. Mas, aparentemente, ao longo das suas oito temporadas, The Walking Dead não compreendeu que esses plots dificilmente se tornam relevantes ou trazem grande serventia para a história – a exceção é a vingança do Governador, que era de fato a trama principal da série.

Do Not Send Us Astray” foi mais um bom episódio da parte dois da oitava temporada de The Walking Dead. Embora a série continue pecando na direção fraca dos seus episódios, e com diálogos, por vezes, precários, o programa consegue ser eficiente ao apresentar mais um capítulo que leva a sua história adiante. Faltando apenas três episódios para encerrar sua temporada, The Walking Dead tem tudo nas mãos para construir um grande climax, afinal tudo ainda está em aberto na série.