The Handmaids Tale

A nova temporada de The Handmaid’s Tale estreou de um jeito similar a anterior, porém, colocando suas personagens em um rumo bastante diferente. Se no ano um víamos June (Elisabeth Moss) baixando a cabeça ao aceitar que naquele momento ela não tinha escolha, a segunda temporada começa subvertendo esse panorama e levando sua protagonista para um novo contexto.

O final da primeira temporada trouxe dois acontecimentos importantes que ganham continuidade no episódio de estreia: a gravidez de June/Offred e o ato de “rebelião” das Aias – que se negaram a apedrejaram Janine pelo que ela fez na ponte, em uma das cenas mais incríveis da primeira temporada. June, diferente daquilo que vimos no começo da série, está seguindo o tom da season finale passada, farta de tudo e não deixando que seu filho, ou filha, venha ao mundo em lugar como Gilead.

Muito disso se deve ao ato imediato de punição que as Aias sofrem logo nos primeiros minutos da season premiere. The Handmaid’s Tale, logo de cara, coloca o seu espectador em total desconforto mostrando imagens fortes e perturbadoras. Com June em mais uma situação de perigo, junto do bebê que está crescendo em sua barriga, a série declara que chegou a hora da personagem dizer “chega“.

Meu nome é June Osborne. Sou do Brooklyn, Massachusetts. Tenho 34 anos. Meço 1,60m. Peso 54,4kg. Tenho ovários viáveis. Estou grávida de 5 semanas. Estou livre.

Apesar do cenário de opressão continuar, The Handiamd’s Tale muda o seu discurso para um tom empoderador, com sua protagonista abraçando a chance de liberdade e de lutar por um lugar diferente. Em determinado momento, June, escondida no prédio abandonado do Boston Globe, decide tapar os furos de tiro em uma parede – onde pessoas (mulheres e provavelmente homossexuais) foram executados – mostrando que essa história não se trata apenas da sua fuga, mas também de uma luta, que está apenas começando, contra um regime opressor.

The Handmaids Tale

Já característicos da série, os flashbacks voltaram ainda mais importantes na segunda temporada. No primeiro ano, o recurso serviu como uma base comparativa entre quem eram June e Offred, ao mesmo tempo em que mostrava como os Estados Unidos da América se transformou na Repúblico de Gilead. O mesmo continua sendo feito na segunda temporada, mas o foco de agora é expandir esse mundo apresentando novos elementos.

Nos flashbacks vistos nos dois primeiros episódios, o contexto continua apresentando uma sociedade ainda “civilizada“, onde aos poucos as mulheres perdem o seus diretos – como não poderem usar o próprio nome de solteira. Mas a novidade é que The Handmaids Tale optou por trazer o passado de Emily (Alexis Bledel) a tona, quando ela ainda era professora na universidade e vivia com a esposa e o filho. Essa expansão tornou o recurso mais interessante, trazendo uma visão mais ampla que não se “limita” apenas a mostrar como as mudanças afetam as mulheres, mas também os homossexuais.

Além disso, e agora voltando para os dias atuais em que a série se passa, vimos de perto as Colônias, onde as mulheres são forçadas a realizar trabalho escravo durante o dia, levando-as ao limite do desgaste físico. É lá também que reencontramos Emily, mais uma personagem que, apesar de seguir “as regras” do local, também não está se sujeitando ao mesmo de antes. Enquanto víamos ela ajudar a personagem de Marisa Tomei (que faz uma participação surpreendente na série), o episódio reservava um momento revelador sobre o caminho que Emily deve seguir daqui em diante.

The Handmaids Tale

Muito ainda será mostrado na segunda temporada de The Handmaids Tale. A impressão que fica deste início é que os dois episódios liberados pelo Hulu foram apenas um gostinho do que veremos no ano dois, principalmente porque dessa vez a série terá 13, e não 10, episódios. Núcleos como o de Fred (Joseph Fiennes) e Serena (Yvonne Strahovski), ou Moira (Samira Wiley) e Luke (O.T. Fagbenle) que estão fora do território de Gilead, devem ser explorados nos próximos episódios, afinal todos eles fazem parte do enredo principal do programa.

A segunda temporada de The Handmaids Tale começa da melhor maneira possível, tecnicamente a série continua impecável e talvez um pouco acima do ano anterior. Aliás, é nessa segunda temporada que a grande surpresa da TV norte-americana de 2017 precisará se afirmar como produto audiovisual, e pelo visto não será uma tarefa difícil, pois o programa soube continuar o bom trabalho que havia efeito, ao mesmo tempo em que começa a colocá-lo em um nível acima, acompanhado do ótimo elenco que tem em mãos – Elisabeth Moss continua com uma atuação monstruosa e deve repetir o feito de 2017 que a transformou em uma das atrizes mais importantes da história da televisão após ganhar quase todos os prêmios em que foi indicada.