Se a morte de Carl (Chandler Riggs) não servir para mudar alguma coisa em The Walking Dead, algo estaria errado. Em “The Lost and the Plunderers“, vemos Rick (Andrew Lincoln) e Michone (Danai Gurira) logo após Carl ser enterrado, com os dois precisando sair de Alexandria antes que a horda de zumbis tome conta da ex-zona segura.

O episódio soube lidar com o luto e Rick, desta vez, não surtou como na morte de Lori (Sarah Wayne Callies) na Prisão. Ao contrário disso, houveram momentos de reflexão do protagonista, que quer entender o que o filho quis dizer com “Se você voltar a ser como era antes, é assim que poderia ser.”. Os desejos do personagem (Carl) certamente vão prevalecer ao longo da Guerra Total. Mesmo que Rick jure que Negan (Jeffrey Dean Morgan) irá morrer em algum momento, é provável que o ex-policial tenha um ato de misericórdia em nome do filho.

Michone, dentro disso, desempenhará um papel de suma importância. A personagem adquiriu uma sensibilidade lhe caiu bem ao longo das últimas temporadas. Assim, a co-protagonista será essencial para manter a vontade de Carl, em ver Rick e Negan convivendo em paz, sempre viva. Isso se deve não apenas pelas motivações de Negan colocando-o em uma posição que o distancia de ser um vilão ou de fato antagonista – já que ele acredita que está salvando pessoas -, mas principalmente porque “The Lost and the Plunderers” nos dá novos horizontes para explorar.

No episódio do último domingo (04 de março), uma nova vertente foi apresentada. A autoridade de Negan não é mais absoluta entre seus seguidores, já que Simon (Steven Ogg) fez o que bem entendeu com o grupo do lixão. Além disso, o abatimento de Negan ao descobrir que Carl morreu também ficou muito evidente, e isso pode fazer o personagem parecer fraco diante dos seus seguidores – caso aconteça, Simon pode se aproveitar disso.

Além de evidenciar o início de uma possível perda de poder, o décimo episódio da temporada também abre a possibilidade de Simon se tornar um vilão verdadeiro – um homem realmente ruim e sem escrúpulos. Prova disso é o que ele fez com Jadis (Pollyanna McIntosh) no lixão, colocando a personagem em um caminho diferente do que se poderia imaginar. Ver Jadis perdendo a pose estranha que sempre apresentou enquanto assistia o seu bando ser morto, deu a personagem um novo viés e obviamente um novo caminho a ser perseguido – ainda mais depois de Rick e Michone a abandonarem.

Isso não quer dizer que dois novos vilões vão surgir, mas Simon parece ser uma besta incontrolável prestes a sair corrento, causando problemas de imediato. Jadis, entretanto, parece ser algo a longo prazo, seus sentimentos estarão retidos e ela, mesmo pouco desenvolvida até aqui, não parece ser o tipo de personagem que age sem pensar ou sem ter um bom plano. Então, se a Guerra Total entre Rick e Negan está com os dias contados, as novas possibilidades de antagonistas e do próprio rumo que a série vai tomar a partir de agora podem mudar o panorama atual de The Walking Dead (que é ser criticada e perder audiência).

Outro lado explorado pelo episódio foi o plot inacabado de Enid (Katelyn Nacon) e Aaron (Ross Marquand), que na primeira metade da temporada foram buscar ajuda em Oceanside. O encontro, na ocasião, não terminou bem, pois Enid se viu forçada a matar a líder do grupo composto só por mulheres. A resolução, que aconteceu em “The Lost and the Plunderers“, foi fraca e quase inútil. É evidente, ainda, que o grupo não ficará esquecido e voltará em algum momento. Mas além da inutilidade para a trama, Oceanside, mesmo que guardado, ainda não mostrou a que veio – as armas serviram, é verdade, mas vai ficar só nisso mesmo?

Mesmo não sendo brilhante e continuando um nível aceitável de qualidade, “The Lost and the Plunderers” soube justificar suas escolhas no momento em que deu atenção a dois personagens que devem ganhar novos rumos a partir daqui. Mesmo sendo a parte mais problemática do episódio, o plot de Oceanside, em parte, acabou, e deixar isso em aberto, como ainda estava, poderia ser apenas um estorvo futuro. Enquanto isso, Rick e Negan continuam a sua desavença, mas o mais interessante é ver como esses personagens vão seguir daqui para frente após a morte de Carl – ambos têm muito o que assimilar com as cartas que receberam, mas mais importante que isso, a série parece estar realmente disposta a usar a morte de Carl como um ponto de mudança que a leve para novos bons momentos.