Andrew Lincoln e Danai Gurira em The Walking Dead
Reprodução/IMDb

Se a expectativa deixada pelo episódio da semana passada era a de que veríamos Negan (Jeffrey Dean Morgan) e o seu bando iniciando um “ataque em massa” contra Hilltop, a mesma, felizmente, não fora atendida. “The Key” (A Chave) foi um episódio importante para a série e soube reencaminhar os rumos do programa em um futuro muito mais próspero do que se poderia imaginar.

The Key” mostrou que tudo estava se encaminhando para um épico confronto final da Guerra, que decidiria, enfim, o vencedor. O contexto trazia os Salvadores unidos após se reagruparem, enquanto Rick (Andrew Lincoln) e o seu grupo lidavam com o peso da morte de Carl (Chandler Riggs) e a escassez de recursos. Vendo por este cenário, não seria um ultraje dizer que os Salvadores poderiam vencer facilmente o confronto. Mas a preparação de Rick e companhia foi eficiente para subverter essa expectativa em um resultado inesperado.

O episódio nos pega de surpresa no momento em que coloca Rick e Negan em uma pequena caça de gato e rato. Apesar da cafonice da direção de Greg Nicotero, é inegável que os personagens foram de longe o que “The Key” nos trouxe de melhor. Negan continuou com o discurso de que Rick falhou em proteger o seu povo e o próprio filho. No entanto, o antagonista não esperava que, naquele cenário, a maior falha era a dele por não saber o que de fato acontecia nas suas costas – Rick pegou Negan de surpresa ao revelar que Simon (Steven Ogg) matou quase todos no lixão.

Dentro do local abandonado, The Walking Dead encontrou alguns dos seus melhores momentos na temporada, com tensão elevada em um enfrentamento empolgante entre os dois personagens. Ver Negan desarmado (não no sentido de estar sem a Lucille, mas referente ao se ver encurralado) não é tipo de situação que se poderia esperar antes do final da temporada, por exemplo. Principalmente agora que a série resolveu interlaçar seus assuntos pendentes colocando Jardis (Pollyanna McIntosh) de volta a trama.

Jeffrey Dean Morgan em The Walking Dead
Reprodução/IMDb

Por outro lado, “The Key” conseguiu deixar claras as intenções de Simon. O personagem queria, na verdade tirar Negan do poder e assumir o seu posto. Simon claramente não só deixou de acreditar no líder, como também não confiava mais na visão e nas ações de Negan. Se continuassem com a mesma abordagem e usar da violência para impor medo e respeito, pessoas como Rick continuariam revidando – como disse o próprio personagem. Com isso, Simon levou Dwight (Austin Amelio) para o seu lado, mas o personagem, que recentemente traiu o grupo, não contava com as verdadeiras intenções de Simon.

Enquanto tudo isso de resolvia de um lado, dando um norte um pouco diferente para o conflito, The Walking Dead trouxe novidades que se preocuparam com o futuro deste universo. A pergunta principal que a série quis responder é “o que vem depois de Negan?“. Apesar de sabermos que, depois de um período de paz pós-guerra uma nova ameaça colocará Rick e o seu grupo em perigo novamente, para esses personagens existe uma vida a ser continuada. E é isso que “The Key“, de fato, significa. Sendo este episodio a chave para um nova porta que ainda será aberta.

Georgie (Jayne Atkinson), a nova personagem que surgiu em “The Key“, introduziu o primeiro passo para esse novo começo, que trará evolução para as pequenas e grandes comunidades – pré-estabelecidas em um sistema econômico similar ao feudalismo. Outro destaque importante do episódio foi a atenção que as personagens femininas receberam. Michone (Danai Gurira) é o lado mais humano e preocupado em carregar o legado de Carl para frente; Maggie (Lauren Cohan) é uma líder tão importante quanto Rick, e teve pequenos conflitos sobre a falta de fé – nas pessoas – desenvolvido em “The Key“; Enid (Katelyn Nacon) tem sua importância para a história, mas vive o luto pela morte de Carl e a não aceitação de como isso aconteceu; Rosita (Christian Serratos) é uma personagem bastante conscistente e realista, e fez referência as mortes de Glenn e Abraham, mostrando que as mortes não seriam superadas, mas ressaltando que é possível seguir em frente.

Andrew Lincoln em The Walking Dead
Reprodução/IMDb

Dentro este núcleo (de Hilltop), logo nos primeiros minutos após a chega de Rick, vimos que a relação do protagonista com um dos personagens mais importantes da série, Daryl, está estremecida. O personagem vivido por Norman Reedus, além de demonstrar compaixão com o luto de Rick, ainda se desculpou pelos erros que cometeu recentemente – principalmente por ter jogado o ônibus no Santuário, que acarretou na fuga dos Salvadores.

Após perder um número significativo do seu público total, The Walking Dead aos poucos ensaia o esboço de uma reação. A série está melhor desde o seu retorno, com episódios eficientes, um roteiro, por vezes, mais enxugado e levemente burocrático, mas que, mais importante, sabe para onde está indo. O resultado disso foi um episódio consistente, que resolveu encaminhar, de vez, um novo rumo para história, apresentando algo que pouco se viu ao longo da oitava temporada: um episódio capaz de prender o espectador e fazê-lo aguardar pelo próximo domingo.

No fim, The Walking Dead, mesmo que de supetão, ainda deixou um cliffhanger interessante: Jardis voltou, sequestrou Negan e deixou tudo em aberto para o antagonista – é possível que Rick seja o seu Salvador? A personagem, assim, encontrou um jeito de se reerguer e ficar aguardando o momento certo para iniciar a sua vingança. Pelo visto, uma das metas de The Walking Dead para o fim da sua oitava temporada é não deixar assuntos inacabados pelo caminho.