Imagem: Adoro Cinema
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Jogo do Dinheiro nada mais é que um drama comum, segundo a mesma linha de filmes com reféns (ou que envolvem um longo sequestro). Sejam eles dentro de um trem, banco, ônibus, avião e etc. O que prende mesmo é a narrativa que apresenta alguns twists bem interessantes, mas mesmo assim continua sendo um filme comum para o gênero. Acaba que por si só não consegue trazer nada de novo, repete muito os rumos dos acontecimentos centrais, porém consegue entregar uma atuação ótima de George Clooney (o que já é de se esperar), uma surpresa boa com Julia Roberts e revela um trabalho de grande qualidade por parte de Jodie Foster como diretora.

O longa-metragem começa apresentando um programa sensacionalista sobre economia, mais precisamente sobra a bolsa de valores, onde se questiona se aquilo é fazer jornalismo. A resposta já é dada logo em seguida: claro que não. Ainda mais porque até o momento o filme usou como seu artificio inicial a satirização de profissões, por isso a piada com o jornalismo. Lógico que em meio a isso ele se torna interessante por mostrar os bastidores de um programa famoso, apresentando uma equipe de produção muito unida e sendo muito bem comandada por Patty, vivida por Julia Roberts. Dessa vez Roberts, que é sempre muito contestada, teve uma boa atuação, entrou bem no papel, deu personalidade a personagem e soube fazer aquilo que um produtor/diretor sabe fazer: produzir e dirigir.

Além de tudo isso o filme acaba caindo muito bem para o nosso momento atual de crise econômica. Imagine o Brasil, anos atrás, sendo considerado o país emergente com mais potencial para se tornar desenvolvido que os de mais, logo todos os investidores apostariam as suas fichas no país tropical. Por fim, do nada, em questão de dias a economia despenca, milhões são perdidos, de forma que a culpa foi colocada no sistema financeiro, mas nitidamente tinha uma “digital humana” no problema. O filme mostra exatamente isso quando uma das empresas mais promissoras e que está em alta na bolsa é a grande dica de empreendimento do famoso Lee Gates (George Clooney), mas por algum motivo que ninguém sabe ela despenca, com uma perda de 800 milhões de dólares. Com muitas pessoas perdendo dinheiro é óbvio que alguém surtaria. Mas quem poderia imaginar que o estúdio de gravação seria invadido e o apresentador feito de refém com uma arma na cabeça e um colete-bomba em rede nacional? Ninguém.

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A partir daí o filme começa a assumir uma grande responsabilidade: prender completamente a atenção do público. Tal tarefa é executada de forma muito natural na direção de Jodie Foster. O longa constrói um bom clímax e apresenta viradas interessantes em sua trama. O desenvolvimento do sequestro se faz muito bem durante o filme, mesmo sendo algo comum nesse gênero ainda consegue certo destaque. Com isso não pense que é apenas um sequestro, pois ainda estamos falando de um “atentado” em um programa de televisão que estava ao vivo para todo o país. É aí que entra a figura de Patty (Julia Roberts), que falando no ponto, ou ao pé do ouvido de Lee, ela conduz o programa e transforma ele quase que em um show de entretenimento, com fatos muitos reais. O que ainda é completado pela sábia condução do apresentador.

Mesmo que a dupla tente conduzir a situação ainda não era o suficiente, pois Kyle Budwall (Jack O’Connell) estava completamente fora de controle. O engraçado disso é que mesmo se tratando de um filme, o longa apresenta uma história que poderia ser real, sim é isso mesmo: Jogo do Dinheiro é uma história que poderia ser baseada em fatos reais porque não é impossível que algo assim ou parecido aconteça. Enfim, toda a tensão, ação e emoção que o filme traz é somada, ainda,  a uma dose boa de humor. O filme se faz engraçado, usa a sátira dele mesmo para se tornar engraçado e isso quebra a expectativa do que poderia ser previsível.

Essa previsibilidade é algo interessante de se comentar, ainda mais porque em muitos momentos pensei saber o que iria acontecer, mas na verdade o filme virava para esquerda quando eu pensava na direita. Isso é bom, faz da premissa conhecida dos sequestros ser mais atrativa do que poderia ser, o que seria uma necessidade pela falta de originalidade do tema central. E essa quebra de expectativa sobre os acontecimentos do filme é um ingrediente muito importante que consegue prender ainda mais a sua atenção, pois como eu disse Jogo do Dinheiro funciona bem como filme de ação, traz cenas eletrizantes e tem boas doses de drama e humor.

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Além disso ainda existe a questão conspiratória da história, onde temos uma incansável busca pela verdade sobre o principal acontecimento. É nesse momento que a personagem de Caitriona Balfe (que está lindíssima e vem arrasando na série Outlander), Diane Lester. A Relações Públicas, que também tem um caso com o Walt Camby (Dominic West, The Affair) o dono da empresa e responsável pelo “golpe“. A personagem em um primeiro momento tenta ajudar a empresa, mas a sacanagem é tão grande que até ela começa a desconfiar do que aconteceu e assim se inicia a tal busca pela verdade. Como o filme, no início, faz um sátira ao jornalismo, ele acaba recorrendo a essa profissão em seu meio investigativo para apurar informações e assim reunir todas as peças do jogo para descobrir o que realmente aconteceu.

Jogo do Dinheiro se mostra, em certos momentos, um filme despretensioso, mas que quando foca naquilo que precisa buscar consegue fazer um trabalho muito bom. As atuações foram muito boas, com o óbvio destaque ao caricato George Clooney, que se saiu muito bem como protagonista. Até mesmo Jack O’Connell teve momentos muito bons durante a trama, protagonizando a entrada sensacional da namorada que fez ele e todo mundo ficar de boa aberta com a cena. Julia Roberts funciona bem como Patty, agrada e muito na função de produtora que comanda e controla bem as emoções fortes provocadas durante o filme.

A história relembra outros filmes que mostram reféns e sequestros, mas a pesar de ter um clima tenso ela consegue ter um tom mais leve, traz um humor bem colocado e prende bem a atenção de quem assiste. Jogo do Dinheiro é um bom filme, levanta questões e críticas interessantes sobre a economia e a ação das pessoas, apresenta uma história muito bem dirigida por Jodie Foster, de forma consistente, porém o núcleo do tema já foi muito explorado no cinema com diversos filmes de sequestros e afins. O que vale é o contexto disso, que é original e composto de bons elementos de cena, atuações muito boas e o mais importante: dá um pouco mais do que realmente se propôs a fazer.

Notado filme:

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