Imagem: Arquivo Pessoal/ Matheus Machado

Para você que veio ler a esta matéria, não pense que não gostei do embate mais fantástico já feito na televisão mundial e digno de grandes batalhas dos cinemas – como as vistas em O Senhor dos Anéis O Retorno do Rei, Tróia, e até mesmo 300, pela cena com o muro de corpos -. Com certeza o famoso nono episódio lacrou com sua produção, coreografia e efeitos. Mesmo assim, e óbvio que em minha opinião, a season finale da 6ª temporada foi o melhor episódio da série, até aqui. Mas calma, eu já vou explicar.

Até o momento tivemos seis temporadas, ao todo com 60 episódios. Isso já é um número bem alto, mas não quero focar nos 60, e sim nos 59. A season finale, The Winds of Winter, foi a maior transição que a série já fez até o momento, pois ela terminou os arcos que foram trabalhados desde o primeiro episódio, Winter is Coming. É só ver os dois títulos e juntar as peças? Não, é preciso muito mais do que isso, na verdade é preciso acompanhar atentamente os 58 episódios que temos entre a series premiere e a season finale da sexta temporada.

Uma grande história, de fato, foi nos contada até aqui, arrisco com toda a coragem dizendo que foi a maior e uma das melhores (ou a melhor) já contada na televisão. Desde a partida de Ned Stark para Porto Real muito já aconteceu. Demoraria muito se eu fosse citar todos os acontecimentos de Game of Thrones. Nem todas as temporadas foram tão gloriosas como a deste ano, nem todos os episódios foram tão formidáveis como essa finale ou como A Batalha dos Bastardos, mas todos foram indispensáveis para que esse caminho fosse percorrido.

Indo direto ao ponto, sem nenhum rodeio, The Winds of Winter nos trouxe a conclusão de todos os principais arcos dos principais personagens até aqui, todos tiveram seus rumos muito bem traçados, e a primeira parte de seus finais muito bem concluídas. Entendam da seguinte maneira (importante: esse texto trata-se apenas sobre os acontecimentos da série):

Imagem: Arquivo Pessoal/ Matheus Machado
Imagem: Arquivo Pessoal/ Matheus Machado

Jon Snow: o jovem bastardo deixou as terras de sua casa para se unir aos honrados (e de certa forma repugnantes e desprezíveis) irmãos da Patrulha da Noite, os guardiões da famosa Muralha. Parecia até que seu futuro, e sua missão em vida, seriam apenas guardar a muralha, ser um grande patrulheiro, honrado assim como o pai. Mas quis o destino que ele fosse muito mais do que isso. Voltou dos mortos, conquistou as terras do “pai”, deu ao norte os seus verdadeiros donos e será o responsável por guiar os nortenhos, e quem mais quiser, a grande batalha contra Os Outros (ou White Walkers, como preferirem). Com isso podemos entender que ao longo de seis temporadas tivemos um personagem sendo desenvolvido, moldado, preparado e tendo o seu verdadeiro destino, ou missão, serem apresentados nesta season finale, responsável por fechar o grande primeiro ato de Game of Thrones e apresentando o segundo e último ato dessa gloriosa história.

Cersei Lannister: a rainha, rainha mãe, humilhada, derrotada, quebrada, vingativa, poderosa, ardilosa. A personagem de Lena Headey esteve sempre envolta de um dos plots mais interessantes da série, onde o arco político de Game of Thrones se desenvolvia, em Porto Real. A história da personagem caminhou exatamente como foi traçada, de acordo com a profecia de Maggy, a Rã. Um longo caminho foi trilhado, com muita dor, perdas, mas com o final que ela sempre quis: com a coroa na cabeça e o poder em suas mãos (e claro que bem sentada no Trono de Ferro). Cersei tinha tudo planejado, ela sempre soube jogar muito bem o Jogo dos Tronos, durante as seis temporadas que tivemos, e a conclusão desse jogo chegou, adivinhem quando? Junto com o inverno, em The Winds of Winter.

Arya Stark: a jovem guerreira dos Starks, esteve mais nas estradas, mares e ruas das cidades livres do que envolvida em conflitos políticos pelas terras e grandes casas de Westeros. Desde a decapitação de Ned Stark, Arya soube que seu caminho era trazer a vingança contra aqueles que conspiraram pela morte de seu pai, mãe e irmão (no caso Robb Stark, já que na ocasião Bran e Rickon não haviam morrido). Mas o que era preciso para ela conseguir sua vingança? Crescer? Creio eu que nem ela sabia, e foi aí que um homem misterioso cruzou seu caminho, um homem sem rosto, que pouco se sabia sobre ele, mas que ajudou a Garota, e deu a ela um novo rumo. Para mim e para muitos esse rumo ficou um bom tempo sem ser claro ao longo da série. Mesmo com ela chegando a casa do Preto e do Branco, o que faria Arya Stark depois de tornar ninguém? Viraria só uma assassina e nada além disso? Não meus caros, e mais uma vez voltamos para a sexta temporada, e para a season finale, onde vimos uma menina cega recuperar a visão, aprender a lutar, a ser uma menina sem rosto, mas ainda assim vimos Arya Stark caçando os nomes que não saiam de sua cabeça. Assim descobrimos que o destino da garota é realizar a sua vingança, matar aqueles que conspiraram contra sua casa, e assim temos mais uma história concluída na season finale – e mais um novo ciclo se iniciando-.

Imagem: Arquivo Pessoal/ Matheus Machado
Imagem: Arquivo Pessoal/ Matheus Machado

Tyrion Lannister: o anão, que adorava as vadias, vendia-se para uma mulhere de seios fartos e uma boa taça de vinho, mas nunca dispensou a companhia de um bom livro, ou de uma boa história. Preparou-se durante toda sua vida para ser realmente um diplomata, mas quis o destino que essa diplomacia se preparasse e se desenvolvesse ainda mais, por seis temporadas. Foi nessa sexta temporada que seu destino ficou claro, Tyrion chegou onde seus caminhos lhe conduziram e assim fechou o seu arco, buscando o seu norte e encontrando o verdadeiro destino. Com essa conclusão o primeiro ato da sua história se conclui, e com isso já se inicia a segunda parte, a nova Mão da Rainha está a caminho de casa.

Daenerys Targaryen: A jovem fugitiva, quase escravizada pelo irmão e que se sujeitou a passar por inúmeras dificuldades pelos caprichos e desejos desse irmão tinha seus objetivos bem claros.O destino da Mãe dos Dragões sempre foi o mesmo, mas suas vitórias foram o que conquistaram o público e todos os homens (que agora são livres) que seguem-na. A Rainha da Tormenta cresceu ao longo de seis temporadas, esperou 59 episódios, e alguns longos anos, para conseguir tudo o que queria e precisava, e agora está a caminho de casa para retomar o que é seu por direito.

Isso foi o que nos trouxe a 6ª temporada de Game of Thrones em sua season finale. É lógico que no meio de tudo isso ainda temos Sansa Stark, Sandor Clegane, Jaime Lannister e outros personagens que se desenvolveram muito bem ao longo da história e que também tiveram um arco encerrado e outro iniciado nessa temporada.

Quero que entendam que para mim este episódio foi o mais completo de todos porque finalizou tudo o que precisava, mas tudo mesmo, que foi trabalhado, apresentado, desenvolvido e construído ao longo de todos essas seis anos de GoT. O que vier daqui para a frente pode ser realmente o começo do fim, já que a previsão são mais duas temporadas, ambas com menos de 10 episódios.

Por todos esses motivos The Winds of Winter trouxe-nos um belo fechamento para os principais arcos de Game of Thrones até aqui, e como se não bastasse ainda nos apresentou o começo para o fim dessa grande história. Realmente devemos nos preparar, pois o inverno já chegou, Ned Stark cumpriu com a sua promessa, Winter is Coming.

Game of Thrones começa, na 7ª temporada, o seu arco final e toda a sua preparação para o gran finale. E você acha que The Winds of Winter foi o melhor episódio da série?