Imagem: Banco de Séries
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Como fã essa temporada não me representa, como crítico, sim. O segundo ano de Scream está muito abaixo do que se esperavam, a série decaiu muito em todos os sentidos. O maior erro, infelizmente, é ficar refém de ter um episódio referenciando um filme de terror/suspense diferente.

Com uma história que não anda, de jeito nenhum, a trama da temporada fica lenda e travada. Com seis episódios restantes, nós precisamos de um avanço do enredo. Nestes primeiros oito episódios a série apenas apresentou uma trama, desenvolveu pouquíssimo a história e a cada episódio novos elementos são inseridos a esse enredo – sendo que a maioria é desnecessária, por exemplo, o segredo de Kieran, revelado nesse episódio, poderia ter sido apresentado bem antes. O resultado disso é um roteiro tão pesado que não é capaz de andar em linha reta, só em círculos.

No episódio vimos que foco esteve em acontecimentos inseridos em um contexto que assumiu a temática de A Cidade dos Amaldiçoados, de 1995. Com isso, tivemos acontecimentos isolados para tentar trazer a tensão de volta a trama, e graças a uma cena envolvendo a casa dos horrores isso foi quase possível, mas foi um leve aroma daquele suspense e da tensão, que encantaram na primeira temporada.

Imagem: Banco de Séries
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O elenco deveria ser realmente mais unido, um dos problemas da temporada é que os plots são muito isolados. Veja bem, Emma, Kieran e Eli tem um plot próprio, Brooke está praticamente sozinha – e sinceramente eu não vejo motivo para tanto endeusamento da personagem e da atriz – e por fim Audrey com o seu stalker (não vou chamar de Ghostface porque isso que vejo não é Ghostface nem aqui, e nem na China) e Noah (futuro protagonista do remake de ‘O Virgem de 40 Anos‘). O episódio só confirmou mais uma vez um fato: como eu gosto da primeira temporada. É sério, os 10 episódios da temporada passada são muito melhores em vários sentidos, roteiro, desenvolvimento, tensão, suspense. Tudo era muito mais envolvente, arrisco a dizer que o que está segurando as pontas de Scream é o apego que o público tem com os personagens e a grande vontade de teorizar sobre o assassino mixuruca que a série está retratando no momento.

Imagem: Banco de Séries
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Village of the Damned teve bons momentos, mas mostra que tudo está errado nesse roteiro que não avança. Em oito episódios todo o plot poderia estar mais avançado, com momentos eletrizantes e com episódios mais calmos, alternando os picos do ritmo, mas mantendo uma boa qualidade. Assim teríamos algo bem melhor, com uma história bem construída, onde alguns episódios poderiam não apenas desenvolver o arco central, como também serviriam de prelúdio para grandes momentos. Algo que pode fazer a história melhorar é a união do grupo, esses acontecimentos soltos e extremamente pessoais estão apenas enchendo linguiça, parece que os roteiristas não sabem mais o que fazer.

A graça de Scream não é focar nos acontecimentos cotidianos da juventude, e sim mostrar a tensão que eles vivem com um assassino a solta pela cidade e que pode atacar a qualquer momento. Erros e mais erros acercam essa temporada, que veio apenas para desgastar a série.

Em alguns momentos do episódio vi cenas que me lembram os filmes, mas lembrar não faz parte daquilo que desejo de Scream. Quero ver a essência do Pânico, um Ghostface que honre esse nome, personagens melhores, sem tanta carga emocional desnecessária – no caso essa carga é necessária, mas a origem dela deveria ser relacionada ao assassino e não aos relacionamentos e “coisinhas” da vida.

Como já disse em outras matérias, essa história de cada episódio ter que fazer referência ou ser inspirado em um filme de terror diferente está estragando a série. Isso corta completamente o ritmo do desenvolvimento. E sabe o que acontece? Acaba que um episódio que deveria ser bom recebe uma crítica negativa, como a minha.

Com isso vou aproveitar para ser contraditório, pois até gostei de alguns elementos do episódio, mas no geral estou achando a segunda temporada de Scream bem ruim. A investigação por parte dos jovens está ruim, o suspense é pouquíssimo, a sensação de aventura está lá embaixo, a tensão dos acontecimentos praticamente não existe e as mortes não acontecem (Podem falar de Jake,  Seth e o rapaz do hotel, mas sério que é só isso?).

Infelizmente essa é a atual realidade de Scream, cabe a cada um aceitar (ou não) e se conformar (ou não) com isso. Mas como sou brasileiro, a esperança é a última que morre, principalmente quando se espera algo melhor de qualquer coisa, no caso de Scream.

 

Nota do autor para o episódio:

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Sou jornalista, fundador e editor da Matinê Cine&TV. Escrevo sobre cinema e séries desde 2014. No jornalismo tenho apreço pelo cultural e literário, além de estudar e trabalhar com podcasts. Além dos filmes e séries, também gosto de sociedade e direitos humanos.